O ESG no Comércio Exterior não é uma pauta nova, mas no Brasil, ainda estamos engatinhando no assunto. Precisamos avançar, e rápido, nesta pauta para atingir as expectativas do mercado internacional e colaborar para o desenvolvimento sustentável das populações.
Vale destacar que o conceito e definição do ESG são os mesmos em qualquer país, sendo uma agenda internacional. Logo, esse é um tema de grande importância para empresas do Comércio Exterior, que já atuam no cenário internacional que está cada vez mais exigente quando se fala em ESG.
Além disso, um estudo de 2020 da Ágora Investimentos demonstrou que empresas que adotaram as políticas tiveram rentabilidade acima da média do Ibovespa — indicador médio do desempenho das ações brasileiras.
Então, o que será o ESG no Comércio Exterior? Continue lendo e saiba mais!
O que é ESG?
Em suma, ESG é a sigla para Environmental, Social, and Governance, ou seja, uma agenda de pautas ambientais, sociais e de governança.
- Environmental (Ambiental): conjunto de ações que colaborem para maior cuidado ao meio ambiente e preocupação com as mudanças climáticas;
- Social: inclui pautas como direitos humanos, inclusão, diversidade e bem-estar animal;
- Governança: também chamado de compliance, visa maior transparência nas empresas, tanto com seus investidores e acionistas quanto com o público e a sociedade em geral.
Essa é uma metodologia criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2004, com intuito de avaliar os impactos socioambientais e promover a integração dos aspectos ambientais, sociais e de governança aos interesses financeiros de uma empresa.
Vale destacar que o ESG não preconiza a desistência voluntária do lucro. Na verdade, a agenda reconhece que uma empresa precisa ter lucro, mas eles não podem ser obtidos a qualquer custo.
A busca pela sustentabilidade
Devido às mudanças climáticas, o aspecto de sustentabilidade do ESG no Comércio Exterior é um dos assuntos que mais ganha destaque.
No Comércio Exterior, por exemplo, há uma grande preocupação com o frete marítimo. Responsável por cerca de 2,5% das emissões de CO2, a logística internacional por navios está no centro das discussões para redução de poluentes na atmosfera.
Não somente no transporte marítimo, mas as empresas de Comex devem estar alinhadas à agenda ESG em todos os processos.
ESG vai além do ecológico
Quando se fala em ESG, é muito comum o grande foco na sustentabilidade. Entretanto, para o Comércio Exterior é fundamental também pensar nas outras duas siglas: o social e a governança.
Quando se fala em aspectos sociais, temos diversas temas a serem tratados dentro das empresas, tais como:
- Direitos humanos;
- Diversidade;
- Inclusão;
- Proteção ao consumidor;
- Bem-estar animal;
- Direitos trabalhistas e relação com os colaboradores.
Nesse sentido, podemos ver cada vez mais empresas focando no bem-estar animal e das pessoas. Tanto com campanhas para adequação de seus produtos e serviços, quanto internamente em suas políticas de contratação.
Por outro lado, não podemos esquecer da governança. Essa pauta se trata dos controles e transparência da liderança das empresas, incluindo assuntos como:
- Relacionamento com funcionários;
- Estrutura de gestão da empresa;
- Gestão de riscos;
- Gestão de conflitos de interesse;
- Anticorrupção;
- Compensação de executivos e trabalhadores.
Por extensão da governança corporativa, também há a comunicação para com a sociedade e seus acionistas. Assim, o ESG no Comércio Exterior também impacta no acesso a investimentos, relação com investidores e visão de mercado.
ESG e a relação entre as empresas do comércio exterior
Um ponto muito importante da agenda ESG no Comércio Exterior é a atenção para que os mesmos princípios adotados pela empresa sejam aplicados pelos seus parceiros.
Afinal, de nada adianta uma empresa tratar os funcionários do headquarter com todos os benefícios da agenda, quando terceiriza sua produção para fábricas em países de baixo desenvolvimento que não possuem o menor cuidado com os direitos humanos.
Dessa maneira, o ESG impacta diretamente em como as empresas do Comércio Exterior interagem e fazem negócios.
O Brasil ainda está atrás quando se fala em ESG, de modo que muitos importadores e exportadores internacionais acabam preferindo aqueles que estejam mais avançados na agenda.
Quais os benefícios do ESG nas empresas
Quanto aos benefícios do ESG no Comércio Exterior, podemos destacar 3:
- Atrair mais investimentos;
- Reforçar a imagem da companhia;
- Acompanhar as tendências.
Atrair investimentos
Investidores estão cada vez mais interessados em investir não somente pensando no retorno financeiro, mas também no alinhamento de filosofia.
Isso significa que empresas que adotam práticas ESG tendem a atrair mais investimentos e, até mesmo em tempo de pandemia, performaram acima da média.
Em entrevista para O Estado de S. Paulo, superintendente de sustentabilidade na B3, Gleice Donini, destaca: “A própria pandemia reforçou as desigualdades e a urgência de medidas que considerem os aspectos sociais e ambientais para a retomada do crescimento”.
Aliás, gigantes investidoras, como a BlackRock, a maior gestora de fundos do mundo, com mais de US$ 10 trilhões sob gestão, é uma das principais precursoras da pauta mundialmente.
Reforçar a imagem da companhia
O ESG no Comércio Exterior também possui um grande impacto na imagem da empresa, reforçando-a junto a seus públicos e sociedade. Além disso, está permitindo abrir novos mercados e atingir novos públicos.
Além do aspecto social e ambiental, boas práticas de governança reforçam a imagem da companhia frente aos investidores.
Afinal, com maior foco no compliance e transparência dos processos, mais robusta e sólida é a empresa. Assim, torna-se mais atrativa para investidores e seus acionistas.
Acompanhar a tendência na preferência dos consumidores
Os consumidores estão cada vez mais ambiental e socialmente conscientes. De modo que exigem das marcas o mesmo posicionamento.
Assim, alinhar-se aos princípios do ESG é sinônimo de acompanhar as tendências e, potencialmente, encontrar novos mercados e públicos.
Vale destacar que as pessoas estão dispostas a gastar mais por produtos social e ambientalmente corretos. Enfim, os negócios tendem apenas a ganhar com a pauta sustentável.
Quais os impactos do ESG no Comércio Exterior?
O ESG no Comércio Exterior é uma pauta fundamental, pois impacta diretamente todas as áreas. Isso porque o comércio internacional tem fortes impactos sociais e ambientais.
Não podemos deixar de destacar que grande parte da cadeia de suprimentos do comércio internacional é movida a combustíveis fósseis. Nos EUA, por exemplo, o transporte é responsável por 27% das emissões, sendo o principal responsável pelas emissões de gases estufa do país.
Assim, cada vez mais empresas do comércio exterior vêm sendo pressionadas para adotar práticas mais sustentáveis. Isso inclui investimentos em energias renováveis, digitalização e tecnologias que impulsionam a redução de emissões.
Além disso, pressões de regulamentações e legislações fazem com que o aspecto de governança ganhe proeminência. Dessa forma, o ESG no Comércio Exterior está impulsionando a busca por processos mais eficientes e melhores controles internos.
Ao passo que a legislação e os importadores se tornam mais exigentes, empresas com ESG no Comércio Exterior tendem a aproveitar:
- Acesso a mais investimentos;
- Menor burocracia;
- Benefícios fiscais e subsídios;
- Melhor posicionamento de marca.
A implementação do ESG nas empresas de Comex
Para que o ESG no Comércio Exterior traga os benefícios e resultados esperados é necessário adotar um modelo corporativo com foco na sustentabilidade em todas as suas ações, na transparência e conformidade com a legislação.
Nesse sentido, um dos aspectos mais importantes é a comunicação e o diálogo entre todos os stakeholders. Dentro da empresa, é preciso de termos claros para que todos os indivíduos tenham acesso ao que está sendo buscado e possam agir de acordo.
É fundamental que todos entendam a importância da agenda ESG para que seus esforços sejam concentrados no mesmo objetivo.
Em outras palavras, é fundamental que haja a promoção interna de uma comunicação que dialogue com todas as partes, como funcionários, lideranças, comunidade, agentes governamentais e sociedade em geral.
O ESG no Comércio Exterior, como destacado anteriormente, também deve se estender para todos os parceiros.
Isso significa uma adequação do supply chain para que os parceiros selecionados sigam os mesmos princípios e que as políticas sejam implementadas mesmo fora da empresa.
Para atingir objetivos tão grandiosos como preconiza a agenda ESG, é mais do que necessário os investimentos em tecnologia.
Afinal, ela é e continuará sendo uma das principais responsáveis para que a humanidade possa reduzir seu impacto ambiental ao mesmo tempo que produz melhores condições para as populações.
A importância de novas tecnologias na busca da sustentabilidade
Enfim, a tecnologia é a grande catalisadora dos esforços humanos rumo ao desenvolvimento sustentável. É através do investimento tecnológico que podemos encontrar fontes de energias renováveis, otimizar o uso dos recursos naturais e aprimorar a qualidade de vida das pessoas.
Além disso, é essencial a tecnologia dentro das empresas para assegurar o compliance de todos os processos. Afinal, ESG no Comércio Exterior também é sobre ter processos claros, digitais e transparentes.
Nesse sentido, empresas de comércio internacional investem cada vez mais em tecnologia, como em um software de comércio exterior.
Com ajuda dos softwares, é possível:
- Automatizar tarefas manuais;
- Mitigar os riscos;
- Planejar com maior precisão e agilidade;
- Mensurar o impacto ambiental e social, além de outros indicadores de comércio exterior não financeiros;
- Garantir o compliance e transparência em todas as etapas.
A transformação digital no comércio exterior não é apenas sobre ser mais eficiente. Também é sobre ser mais sustentável, mitigar os riscos, aumentar a governança e causar impacto positivo em nossas comunidades!