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Você já se perguntou por que o processo de importação pode ser tão complicado? O protecionismo é uma estratégia usada por muitos governos para proteger a economia e a indústria local. Um dos principais aspectos dessa política é dificultar a entrada de produtos e serviços estrangeiros. 

Neste artigo, vamos explorar o que é o protecionismo, suas diferentes formas e os impactos no comércio exterior. Continue lendo! 

O que é protecionismo? 

Muitas nações adotam medidas protecionistas em maior ou menor escala. São ações do governo para “proteger” a economia interna. Isso pode incluir o aumento de taxas de importação ou a criação de barreiras alfandegárias de ordem sanitária, social ou ambiental. Dessa forma, os produtores locais ganham mais espaço no mercado, mantendo o dinheiro circulando dentro do país.

Na prática, funciona assim: o governo aumenta os impostos sobre um produto importado, o que faz com que ele chegue ao consumidor final com um preço muito mais alto. Isso torna a versão nacional do produto bem mais atrativa, já que acaba sendo mais barata.  

Assim, as empresas nacionais aumentam suas vendas, crescem e geram mais empregos. Além das barreiras tarifárias, o governo também incentiva a indústria e a agricultura local com subsídios, isenção de impostos ou por financiamento – essa forma, aliás, é amplamente utilizada no Brasil por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) o governo oferece empréstimos com taxas inferiores às praticadas no mercado para grandes grupos empresariais nacionais.  

Na teoria, o protecionismo é uma estratégia que beneficia tanto a economia quanto a população. 

Origem do protecionismo 

O protecionismo começou a ser praticado no século XV, durante o período do mercantilismo. Naquela época, entre os séculos XV e XVIII, as nações europeias, lideradas por reis absolutistas, adotavam estratégias para importar o mínimo possível e exportar o máximo.

Na Inglaterra, por exemplo, os monarcas proibiram a exportação de lã para os Países Baixos (o que limitava a concorrência estrangeira) e aprovaram os Atos de Navegação, que determinavam que mercadorias importadas só poderiam chegar em navios ingleses ou nos de países com os quais estivesse realizando comércio diretamente. Essas medidas ajudaram a fortalecer a marinha e a indústria naval inglesa, além de impulsionar a indústria têxtil. No entanto, também causaram tensões comerciais e até conflitos com outras nações. 

Nos dias de hoje, um exemplo claro de protecionismo foi a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Ambos os países têm um histórico de adoção de políticas protecionistas, que, agravadas pela falta de diplomacia, levaram a aumentos de tarifas sobre produtos chineses pelos EUA e à criação de barreiras alfandegárias para produtos americanos pela China. 

O Brasil é um país protecionista?  

O Brasil também é considerado um país bastante protecionista. Segundo o Índice de Abertura de Mercados, publicado pela Câmara de Comércio Internacional (CCI), o Brasil é o país mais fechado ao comércio internacional entre os membros do G20. Isso fica evidente nos preços elevados de produtos importados, como tecnologia, automóveis e vestuário, que são bem mais caros do que suas versões nacionais. 

No nosso país, o protecionismo se consolidou como uma estratégia central a partir da era desenvolvimentista, especialmente durante o governo de Getúlio Vargas. Essa política visava impulsionar a industrialização e garantir a autossuficiência em setores estratégicos da economia. Diversas medidas foram adotadas ao longo do tempo para fortalecer a indústria nacional e reduzir a dependência de produtos estrangeiros. 

Um exemplo marcante foi a Lei da Informática, promulgada em 1991, que oferece incentivos fiscais para empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento nas áreas de hardware e automação. Esse incentivo foi fundamental para impulsionar a indústria de tecnologia no Brasil, favorecendo empresas que se dedicam à inovação e ao desenvolvimento de soluções tecnológicas no país. 

Outro caso relevante foi a campanha “O Petróleo é Nosso”, lançada na década de 1940 para fortalecer o controle nacional sobre a exploração e produção de petróleo. Esse movimento resultou na criação da Petrobras, que se tornou um símbolo da soberania energética brasileira. 

Mais recentemente, o programa “Inovar Auto”, vigente entre 2012 e 2017, incentivou a inovação no setor automotivo,o programa tinha como objetivo estabelecer condições que favorecessem a competitividade, incentivando a fabricação de veículos mais econômicos e seguros, além de realizar investimentos na cadeia de fornecedores, engenharia, tecnologia industrial básica, pesquisa e desenvolvimento, e capacitação dos fornecedores.

Quais são os tipos de medidas protecionismo? 

O protecionismo pode ser implementado de várias formas, dependendo do objetivo de cada governo. 

Tarifas de importação: Um dos métodos mais comuns é a imposição de altas tarifas sobre produtos importados, o que aumenta seus preços e favorece a compra de itens produzidos internamente. 

Subsídios: Além disso, alguns países oferecem subsídios à indústria local para incentivar o desenvolvimento econômico e aumentar a competitividade. 

Fixação de cotas: Outra estratégia é a fixação de cotas, limitando a quantidade de produtos estrangeiros que podem ser importados ou a participação de investidores externos em setores específicos. 

Outros tipos de medidas protecionismo envolvem: 

Protecionismo alfandegário: Consiste na aplicação de tarifas extras a determinados produtos de outros países, como foi feito pelos Estados Unidos em relação ao aço brasileiro e chinês. 

Barreiras técnicas e sanitárias: São usadas para proteger a economia interna, alegando preocupações ambientais ou de saúde, como quando países restringem a importação de carne brasileira por questões sanitárias. 

Protecionismo social: Quando países deixam de comprar produtos de nações que utilizam mão de obra infantil ou em condições análogas à escravidão. 

Protecionismo agrícola: Esse tipo se caracteriza pela proteção de setores da agricultura por meio de subsídios, facilidades de crédito ao agricultor e redução de impostos. O objetivo é que o produto final tenha um preço mais baixo, tornando-o mais competitivo tanto no mercado interno quanto no externo. 

LEIA TAMBÉM: Superando barreiras comerciais para a exportação agropecuária

No Brasil, o aumento de impostos como o Imposto de Importação (II), o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), e outros tributos sobre operações financeiras e mercadorias, também são exemplos de práticas protecionistas 

Qual o objetivo do protecionismo?  

Como vimos ao longo deste artigo, o protecionismo tem como objetivo central proteger a economia interna, garantindo que as indústrias locais tenham mais oportunidades de crescimento e enfrentem menos concorrência externa.

Ele também visa fortalecer setores estratégicos, preservar empregos e promover o desenvolvimento econômico ao manter a circulação de recursos dentro do país. Em síntese, trata-se de uma política que busca assegurar a autossuficiência e a competitividade nacional. 

No entanto, embora essa prática esteja presente em diversas partes do mundo e tenha como propósito impulsionar a economia local, há quem argumente que, em certas circunstâncias, o protecionismo pode causar mais malefícios do que benefícios. A seguir, discutiremos as principais críticas a essa política.

Oposições ao protecionismo 

Embora o protecionismo seja amplamente utilizado para proteger a economia interna, muitos economistas, especialmente os de orientação liberal, levantam sérias críticas a essa política. Um dos principais pontos de oposição é que, ao limitar a concorrência estrangeira, o protecionismo pode levar à acomodação das empresas nacionais, reduzindo a inovação e a qualidade dos produtos. Com menos concorrência externa, as indústrias locais perdem o incentivo para melhorar, o que acaba prejudicando o consumidor, que paga mais caro por produtos de qualidade inferior. 

Além disso, essa política pode resultar em uma série de consequências econômicas negativas, como o aumento do custo de insumos, que afeta toda a cadeia produtiva. A falta de acesso a matérias-primas externas pode encarecer a produção interna, fazendo com que os produtos finais se tornem menos competitivos, tanto no mercado interno quanto no externo. Isso pode prejudicar as exportações e atrasar o desenvolvimento tecnológico e industrial do país. 

Outro argumento central é que o protecionismo muitas vezes impõe um custo elevado para a sociedade como um todo. Subsídios e isenções fiscais dados a setores específicos, por exemplo, podem transferir o peso dos impostos para outros segmentos econômicos e para as famílias, especialmente as de menor renda. Em última análise, o protecionismo pode promover uma concentração de renda, beneficiando grandes empresas às custas da maioria da população. 

Por fim, os críticos defendem que o protecionismo restringe as liberdades econômicas ao impedir o livre comércio entre nações. Em um mercado globalizado, a troca voluntária de bens e serviços entre países é vista como uma forma de promover eficiência, inovação e melhor qualidade de vida para os consumidores.

Assim, para esses opositores, políticas protecionistas, além de limitarem o desenvolvimento econômico, podem ser vistas como um retrocesso no caminho para uma economia mais aberta e competitiva. 

Então, o livre comércio é a solução? 

O livre comércio, ou “livre-cambismo”, é uma teoria econômica que propõe a eliminação de barreiras comerciais entre os países, como tarifas e cotas, para facilitar a troca de bens e serviços. A ideia central é que, ao permitir um fluxo livre de produtos entre nações, as economias se tornem mais eficientes, com acesso a produtos mais baratos e de melhor qualidade.  

Como vimos no tópico anterior, para alguns economistas, o livre comércio é visto como a alternativa ideal ao protecionismo, nesse contexto, a Organização Mundial do Comércio (OMC) é a principal instituição que promove a liberalização do comércio global e fiscaliza práticas protecionistas. 

No entanto, nem todos concordam que o livre comércio seja a solução perfeita. Alguns argumentam que, ao abrir completamente a economia, países emergentes, como o Brasil, podem sofrer com a concorrência desleal de grandes empresas estrangeiras que dominam mercados importantes, muitas vezes operando em estruturas de monopólio ou oligopólio. O que dificulta a competitividade de empresas locais, que acabam sendo prejudicadas em mercados globais altamente concentrados.

Assim, a simples abertura comercial sem uma política industrial adequada pode resultar no enfraquecimento de setores estratégicos e na perda de competitividade. 

No fim, o debate entre protecionismo e livre comércio envolve nuances e desafios, e cabe analisar os impactos de cada abordagem em diferentes contextos econômicos. 

E você, o que pensa sobre o protecionismo? Deixe sua opinião nos comentários e vamos continuar essa discussão! 

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