O Brasil é o maior exportador de açúcar do mundo, e não é por acaso. Com uma produção expressiva o açúcar brasileiro tem um papel importante no comércio internacional. Mas como funciona todo esse processo?
Neste artigo, vamos explicar as etapas da exportação, mostrar como está o mercado em 2024 e falar sobre os preços médios da tonelada de açúcar. Tudo para entender por que o Brasil continua liderando esse setor.
Tópicos abordados
Como funciona a exportação de açúcar no Brasil?
Os produtos agrícolas são os principais produtos exportados no Brasil, sendo responsável pela maior parte da entrada de divisas (dólares, euros, etc.). Isso fortalece a reserva de moedas estrangeiras do país e contribuí para o equilíbrio da balança comercial. A cana-de-açúcar é o segundo produto agrícola mais valioso nas exportações do Brasil, representando uma parte significativa de tudo o que o país exporta no setor agropecuário.
No cenário econômico brasileiro, o açúcar é considerado uma commodity competitiva porque o país consegue produzir cana-de-açúcar a um custo mais baixo do que outros países. Para commodities, que têm pouca diferenciação no produto final – o produto é praticamente igual, independentemente de onde ou por quem ele foi produzido – a competitividade depende principalmente de custos de produção baixos, o que permite lucro mesmo quando os preços são baixos. Nesse sentido, o Brasil é reconhecido como o país com o menor custo de produção de açúcar no mundo, apesar de alguns pontos diminuírem a competitividade da exportação do açúcar brasileiro, como por exemplo:
- Custos de frete: o transporte do açúcar no Brasil é caro, o que impacta o preço final de exportação.
- Custos portuários: as taxas e custos nos portos brasileiros são elevados, o que encarece o processo de exportação.
- Logística de transporte: apesar dos avanços, o sistema logístico ainda é caro e ineficiente em várias regiões.
- Dependência do transporte rodoviário: grande parte do açúcar é transportada internamente por rodovias até os portos, o que torna o processo mais caro e menos eficiente do que opções como ferrovias ou hidrovias. Essa dependência aumenta significativamente os custos em comparação com países concorrentes que têm alternativas logísticas mais econômicas.
Mesmo assim, o país é considerado tanto o maior produtor de açúcar, quanto o maior exportador de açúcar do mundo.
No país, a produção de cana-de-açúcar é organizada em dois grandes polos regionais: um no Centro-Sul e outro no Norte/Nordeste. A região Centro-Sul se destaca por ser mais competitiva e produtiva, graças a vantagens como melhores condições de solo e clima, uma infraestrutura industrial robusta (conjunto de usinas e fábricas para processamento) e uma longa experiência na produção de açúcar.
Essas duas regiões operam com safras em períodos diferentes, o que permite que o Brasil produza e abasteça o mercado de açúcar o ano todo. A safra do Centro-Sul vai de setembro a março, enquanto a do Norte/Nordeste ocorre de maio a dezembro.
As usinas processam a cana-de-açúcar para obter dois principais produtos: açúcar e etanol. Para exportação, há dois tipos de açúcar principais. O açúcar VHP (Very High Polarization) é um açúcar bruto, com alto teor de sacarose, que geralmente é refinado no país importador. O açúcar refinado é o segundo tipo, ele passa por uma purificação extra e pode ser usado diretamente como açúcar granulado.
Além desses, o Brasil exporta outros tipos de açúcar, cada um com finalidades específicas. Por exemplo, há o açúcar líquido, utilizado na produção de bebidas e alimentos processados, melaço, e o açúcar orgânico, que atende ao mercado de produtos naturais e sustentáveis.
Processo de exportação de açúcar: etapas detalhadas
Desde a produção até a chegada ao mercado internacional, a exportação de açúcar passa por várias etapas. Abaixo, cada uma é explicada:
Produção e processamento: o processo começa com o plantio e a colheita da cana-de-açúcar, que é transportada para as usinas logo após ser colhida. Lá, a cana é triturada para extrair seu suco, que passa por clarificação e filtração para remover impurezas. Em seguida, o suco é evaporado e cristalizado, formando o açúcar bruto. Se for açúcar refinado, ele passa por mais etapas de purificação. Após o processamento, o açúcar é armazenado em silos ou armazéns até ser preparado para a exportação.
Preparação para a exportação: nessa etapa, o açúcar é classificado pela qualidade e embalado em sacos ou contêineres, dependendo do tipo. Por exemplo, o açúcar VHP costuma ser embalado em sacos de 50 kg ou grandes sacos, enquanto o açúcar refinado pode ser embalado a granel. Em seguida, a documentação necessária é preparada, incluindo nota fiscal, certificado de origem e certificado fitossanitário, documentos essenciais para cumprir com as exigências do país de destino e garantir um processo alfandegário tranquilo.
Logística e transporte: a etapa de transporte começa com o envio do açúcar dos armazéns até o porto. Dependendo da localização, o transporte pode ser feito por caminhão, ferrovia ou uma combinação de modais. No porto, o açúcar é transferido para contêineres ou navios graneleiros, prontos para a exportação. Os principais portos para exportação de açúcar no Brasil incluem Santos, Paranaguá e Recife. A maior parte do açúcar é exportada por transporte marítimo.
Desembaraço Aduaneiro: no porto, o açúcar passa pelo desembaraço aduaneiro, que inclui inspeção e análise da documentação. As autoridades verificam se todos os regulamentos foram cumpridos e realizam inspeções para garantir a qualidade e segurança do produto. Com a aprovação, a carga de açúcar é liberada para embarque e segue para seu destino final.
Produção de açúcar em 2024: Brasil se consolida como maior produtor mundial de açúcar após safra histórica
Em 2024, o Brasil reafirmou sua posição como maior produtor mundial de açúcar, alcançando números históricos. Até agosto deste ano o país produziu 45,7 milhões de toneladas de açúcar na safra 2023/2024, um impressionante aumento de 24%, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para a safra, 2024/2025, a estimativa de produção de cana-de-açúcar é ainda mais expressiva: 689,8 milhões de toneladas.
Esse desempenho positivo reflete a diversidade regional do Brasil e sua capacidade de compensar quedas em algumas áreas com avanços em outras, além dos investimentos contínuos em tecnologia e renovação de plantações.
Produção de açúcar 2024 – Sudeste:
O Sudeste, que responde por 64,2% da produção nacional de cana, registrou uma colheita de 442,8 milhões de toneladas, mas com queda de 5,6% em relação à safra anterior. São Paulo, o maior produtor, foi o estado mais afetado, com uma redução de 27,22 milhões de toneladas. A produtividade também caiu 9,9%, atingindo 82.879 kg/ha, reflexo de um forte déficit hídrico que reduziu os níveis de água no solo. Apesar disso, a contribuição da região para os números nacionais ainda é significativa.
Produção de açúcar 2024 – Centro-Oeste:
Enquanto o Sudeste enfrentou dificuldades, o Centro-Oeste se destacou com uma produção de 149,17 milhões de toneladas, um aumento de 2,8% em relação ao ciclo anterior. Mesmo com adversidades climáticas no final de 2023, a produtividade média permaneceu estável, em torno de 81.577 kg/ha. Esse crescimento foi impulsionado pela expansão da área de cultivo, com novos arrendamentos próximos às unidades de produção
Produção de açúcar 2024 – Norte e Nordeste:
As regiões Norte e Nordeste também contribuíram para equilibrar os resultados nacionais, registrando crescimento tanto na área cultivada quanto na produtividade. No Nordeste, a produção aumentou 5,6%, alcançando 59,62 milhões de toneladas, enquanto no Norte o crescimento foi de 2,6%, com uma safra de 4,04 milhões de toneladas. Esses avanços refletem uma recuperação gradual e maior eficiência no manejo das lavouras.
Produção de açúcar 2024 – Sul:
A região Sul, por outro lado, apresentou redução, com uma produção estimada de 34,21 milhões de toneladas, devido a uma menor área cultivada e queda na produtividade. Apesar disso, a região continua contribuindo de forma relevante para a produção total.
Resultados gerais da safra:
No geral, o Brasil colheu 713,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2023/2024, um crescimento de 16,8% em relação ao ciclo anterior. Esse resultado reflete não apenas o aumento da área plantada em algumas regiões, mas também o impacto positivo de investimentos em tecnologia e condições climáticas favoráveis em momentos críticos.
Assim, a capacidade do setor de equilibrar perdas e ganhos regionais, aliada a estratégias sólidas de produção, garantiu que 2024 se tornasse um marco histórico para a indústria de açúcar no Brasil.
Panorama da exportação de açúcar em 2024: Brasil registra recorde histórico
Em 2024, o Brasil alcançou um marco inédito na exportação de açúcar, consolidando sua posição de liderança global. Entre janeiro e outubro, o país exportou 31,68 milhões de toneladas, gerando uma receita cambial de US$ 15,45 bilhões, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Esse volume já supera as exportações de todo o ano passado, quando foram comercializadas 31,28 milhões de toneladas.
O crescimento expressivo nas exportações foi impulsionado por problemas climáticos na Índia, tradicionalmente uma das maiores produtoras e exportadoras de açúcar do mundo. A quebra de safra no país asiático reduziu sua oferta no mercado internacional, abrindo espaço para o produto brasileiro conquistar novos mercados e atender à demanda global.
Com uma produção expressiva e um cenário internacional favorável, o Brasil demonstrou como a combinação de oferta e oportunidade pode resultar em recordes históricos.
Para quais países o Brasil mais exportou açúcar em 2024?
De janeiro a outubro de 2024, os principais destinos dos açúcares e melaços brasileiros foram a:
- Indonésia;
- China;
- Índia;
- Emirados Árabes Unido;
- Argélia;
- Egito; e
- Marrocos.
Veja no gráfico abaixo a relação entre os destinos e, na tabela, os valores FOB correspondentes:
Fonte: Comexstat
Preço da tonelada de açúcar para a exportação
Em 2024, o preço médio da tonelada de açúcar exportada pelo Brasil variou ao longo do ano, influenciado por fatores como demanda global, quebra de safra em outros países e o tipo de açúcar exportado. Em outubro, o preço médio foi de US$ 473,10 por tonelada, representando uma queda de 11,8% em relação ao mesmo mês de 2023, segundo dados da Secex.
➡️ Link para o relatório completo: clique aqui para acessar!
Além dessas variações, é importante destacar que o preço pode mudar dependendo do tipo de açúcar exportado. Por exemplo, o açúcar bruto teve um preço médio de US$ 497,05 por tonelada, enquanto o açúcar branco foi negociado a US$ 540,06 por tonelada no mesmo período. Essas diferenças refletem o nível de processamento e o mercado-alvo de cada tipo de produto.
Cotação de açúcar: saiba mais sobre cotações e dados de exportação e importação de açúcar no Brasil
Se você quer se aprofundar ainda mais nas cotações, preços médios e outras informações importantes sobre a importação e exportação de açúcar, vale a pena conferir a página “Açúcar – Comércio Exterior Brasileiro” oficial do Ministério da Agricultura. Lá, você encontra relatórios super detalhados e atualizados sobre o mercado brasileiro de açúcar. É um material valioso para quem quer ficar por dentro das tendências e dados mais recentes. Acesse clicando aqui!
Conexos Cloud: simplifique e agilize suas exportações com tecnologia de ponta
Se você exporta açúcar ou qualquer outro produto, sabe como o processo pode ser complexo, cheio de detalhes que precisam ser monitorados de perto. É aí que o Conexos Cloud entra em cena.
Nosso software foi criado para simplificar e agilizar todas as etapas da exportação, desde o registro de pedidos até a entrega final no exterior. Com ferramentas para gestão de contratos, emissão de certificados, notas fiscais e acompanhamento logístico em tempo real, você tem total controle da operação.
E o melhor: tudo isso integrado ao seu ERP, centralizando as informações e eliminando retrabalhos. Quer ver como isso funciona na prática?
➡️Clique aqui para agendar uma demonstração! Descubra como o Conexos Cloud pode transformar a sua operação de comércio exterior.
