Fato é: a cada dia, milhares de toneladas de mercadorias são transportadas pelos 5 oceanos, levando alimentos, utensílios e tecnologia para todas as partes do globo. Quando falamos dessa movimentação de cargas, estamos falando de negociações que abrangem compras (importação) e vendas (exportação).
Essas negociações envolvendo países, corporações e, inclusive, indivíduos, são o coração do comércio internacional e foram aceleradas pela globalização.
Ao longo desta série de 3 textos, vamos entender melhor sobre a importância das exportações, partindo do contexto global para o nacional.
Se você caiu aqui por acaso e não entendeu uma palavra do que eu disse, fique comigo nessa descoberta.
E, se por outro lado, você sabe muito sobre o assunto e quer ter um panorama mais geral, fique comigo também!
Vamos nessa…?
Panorama do mercado de exportações na última década
Primeiramente, o fenômeno da globalização, que consiste em aproximar as fronteiras e estreitar as relações entre os países, e tem grande impacto no mercado de exportações, teve início com as navegações do século XVI, quando as trocas comerciais e culturais entre os povos se intensificaram.
Entretanto, foi a partir da década de 80 que o movimento ganhou força e cresceu exponencialmente.
E, junto com ele, também ganhou força a relação entre a economia doméstica e a participação de um país no cenário internacional.
Que tal entender melhor o mercado de exportação?
A relação de interdependência entre o doméstico e o internacional, uma consequência do crescimento da globalização, é a relação entre a presença de um país na economia mundial e o seu crescimento econômico doméstico.
Ou seja, aquela se tornou um dos principais fatores para este.
Para compreender melhor, vamos olharmos para alguns países específicos.
Japão, Coreia e Alemanha, por exemplo, aumentaram sua participação na economia mundial ao longo dos últimos quarenta anos e, ao mesmo tempo, viram sua economia doméstica crescer de forma nunca antes vista.
Por outro lado, países como o Reino Unido, que têm vivenciado períodos difíceis no âmbito interno, diminuíram sua presença na economia mundial nos últimos quarenta anos.
Essa relação entre o ambiente doméstico e o internacional não deve ser ignorada.
Contudo, cada vez mais os países vêm desenvolvendo meios de aumentar seus clientes e expandir suas áreas de influência.
E, ao contrário do que comumente se pensa, isso acontece nas mais diversas áreas, desde alimentação e petróleo a manufaturados e tecnologia.
Vamos olhar para alguns dados e compreender melhor esse crescimento?
Mercado de exportações: Números de exportações da última década. (2010-2019)
Então, como dito, a maioria dos países vêm aumentando sua presença no comércio internacional, realizando cada vez mais negociações.
Em decorrência disso, o valor movimentado por meio das troca vem igualmente crescendo com o passar dos anos.
Segundo dados da Organização Mundial do Comércio (WTO, na sigla em inglês), a balança comercial mundial entre 2010 e 2019 foi positiva, com um aumento de U$3.7 trilhões.
O valor movimentado saiu de U$15.3 trilhões para U$19 trilhões.
OBS: Gráfico feito com base nos dados
Dentre esse valor, em 2019, a maior parcela ficou com manufaturados (U$12.7 trilhões), em seguida, de maquinários e equipamentos de transporte (U$6.4 trilhões) e combustíveis (U$3.2 trilhões).
Contudo, aqui vai um fato curioso: mesmo apresentando valores diferentes, o Top 3 de países que mais comercializaram não alterou ao longo dos 10 anos.
São eles: China (responsável por U$2.4 trilhões), Estados Unidos (U$1.6 trilhões), Alemanha (U$1.4 trilhões) e Japão (U$705 bilhões).
Então, ao analisar esses dados é importante levarmos em conta que a população mundial também vem crescendo, o que aumenta a demanda pelos produtos.
Nesse sentido, dentre os produtos já citados, podemos destacar alguns que apresentam os maiores crescimentos.
Mercado mundial de videogames, tecnologia e segurança
Segundo a revista Segurança Eletrônica, um dos mercados mais crescentes é o de tecnologia atrelada a serviços de segurança.
Em 2018, o setor teve um crescimento de U$96.3 bilhões e, com os dados que se tinha até o momento, projetava-se que a área atingiria os U$240 bilhões em 2020.
O Brasil, inclusive, é uma forte mira para este mercado, com um crescimento de cerca de 8% ao ano.
Mas não para por aqui: outro mercado que também merece atenção é o dos videogames.
Segundo um relatório abordado pela Folha de Pernambuco, divulgado no fim de abril de 2021, o mercado mundial representa, atualmente, U$300 bilhões.
Além disso, a título de comparação, essa indústria é capaz de gerar mais volume que a música e o cinema juntos, em um mercado que conta com 2.7 bilhões de jogadores ao redor do mundo.
Panorama do mercado de exportações atualmente
Contudo, como era esperado, a pandemia impactou negativamente as exportações ao longo do ano de 2020.
Teve falta de container, embarques atrasados, falta de documentação necessária, cancelamentos imprevistos e paralisação de linhas de montagem ao redor do mundo.
Segundo o Nexo Jornal, outra consequência negativa da pandemia para o comércio internacional foi a restrição de transporte entre os países dificultando as negociações.
Como resultado, em comparação a 2019, registrou-se um déficit mundial de U$227 bilhões no valor das exportações.
Entretanto, apesar da pandemia, o top 3 de países que mais exportaram não alterou.
A China fechou o ano na primeira posição (U$2.5 trilhões), com Estados Unidos em segundo lugar (U$1.4 trilhões) e Alemanha em terceiro (U$1.3 trilhões).
Os países que vêm na sequência podem ser analisados no gráfico abaixo.
Fonte: Trademap
Panorama do mercado de exportações brasileiras
Por fim, uma vez que analisamos o panorama global, chegou o momento de olharmos para as exportações brasileiras.
Entretanto é importante dizer que, mesmo antes da pandemia, o Brasil há alguns anos não se encontrava em uma posição de prestígio no cenário internacional em alguns aspectos.
Mas, para entendermos melhor, vamos aos fatos.
Balanço comercial do Brasil em 2020 e expectativas para 2021
O Brasil fechou o ano de 2020 com um total de U$209.1 bilhões em exportações, uma queda de 5,4% com relação a 2019, segundo o Comex Vis.
Comparado com o valor das importações (U$158,7 bilhões), atingiu um superávit de pouco mais de U$50 bilhões.
Os principais destinos foram China, Estados Unidos, Argentina e Holanda.
E, quanto aos produtos, o líder foi a soja (14%), seguida de minério de ferro e concentrados (12%) e óleos brutos crus de petróleo ou minerais (9,4%).
Entretanto, as expectativas para 2021 são otimistas.
Isso porque, entre janeiro e maio deste ano, o Brasil já exportou U$108 bilhões em mercadorias, 30,6% a mais que o registrado no mesmo período de 2020.
Fonte: Abracomex
Mercado de exportações: Imagem e participação do Brasil no comércio internacional.
É importante dizer que o nosso país possui altos e baixos no comércio internacional.
Enquanto de um lado ele é o quarto maior de produtor de grãos do mundo (Diário do Comércio), de outro ele enfrenta uma queda nas exportações de produtos de alta tecnologia (Comex do Brasil).
E essa contradição não é de todo recente.
Na década passada, o Brasil perdeu espaço no comércio regional com a exportação brasileira aos países vizinhos, que caiu de 14,5% em 2010 para 10,7% em 2019.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), então, com essa diminuição o Brasil deixou de exportar U$56.2 bilhões para a América do Sul.
Contudo, por outro lado, ao longo da mesma década, as exportações brasileiras de contêiner cresceram surpreendentemente.
Segundo o Portal da Indústria, houve um crescimento de 4% entre 2010 e 2019.
Quanto ao peso da carga, em 2019 cerca de 40.4 milhões de toneladas de produtos em contêineres deixaram o Brasil, 48% a mais do que o registrado em 2010.
Conclusão:
E, então, leitor(a)… conseguiu compreender tudo o que vimos?
Ficou com alguma dúvida ou tem algo a acrescentar? Faça o seu registro nos comentários, vamos continuar esta pauta juntos.
E lembre-se de acompanhar os próximos textos dessa série, será um sobre a exportação de carne bovina e outro sobre as exportações brasileiras para a China.
