A falta dos containers é um reflexo da crise do transporte marítimo enfrentada nos últimos meses à medida em que há recuperação das paralisações pela pandemia da Covid-19.
Motivada principalmente por uma alta demanda, veja nesse artigo como e por que a falta de containers afeta o transporte marítimo, aumentando prazos e custos de frete.
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O que motiva a falta de containers?
Grandes portos que não exportavam devido às restrições agora atraem armadores por serem mais rentáveis (como da Ásia, Estados Unidos e Europa) que as rotas do Brasil.
Isso gera mais competitividade entre as rotas, mais trânsito e queda na proporção de containers entrando e saindo dos portos com capacidade total.
Também houve queda na produção dos containers devido ao baixo volume de compras e vendas. Ao reerguer a economia, o setor não consegue fornecer o suficiente para acompanhar a demanda.
Além disso, há alguns portos que não possuem infraestrutura adequada para determinados tipos de containers, apenas containers de tamanho menor (20 pés).
Com um grande volume de embarcações operando em seu potencial mínimo, falta também otimização do uso do espaço.
Navios podem ficar contidos até por 15 dias quando imposta restrição nos portos por descoberta de algum caso de Covid na tripulação.
Por que a demanda de containers aumentou?
A fim de reaquecer o mercado e alavancar a economia, governos no mundo todo criaram programas sociais de transferência de renda, como o Auxílio Emergencial, no Brasil.
A reabertura dessas economias elevou a patamares monumentais o comércio e a demanda por bens que a China e outros países da Ásia produzem, gerando um desequilíbrio global na oferta e demanda de navios e contêineres. Ou seja, há maior demanda e a infraestrutura não é reativa de imediato, assim os portos se deparam com sua capacidade estrangulada;
Marcos Matos, diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé)
(FONTE: G1)
Com poder de compra levemente maior, há também um acréscimo no volume de movimentação das mercadorias importadas e exportadas em containers nos portos mais movimentados.
No entanto, não são todos os containers que chegam cheios aos portos do país – alguns retornam com capacidade reduzida para atender contratados com os clientes e melhorar sua produtividade quanto aos atrasos e congestionamentos nas rotas.
A Associação Brasileira dos Terminais Retroportuários e das Empresas Transportadoras de Contêineres (ABTTC) chama isso de “bookings fantasmas”.
Quais as consequências da escassez de containers?
Atraso nas mercadorias
De acordo com o Professor Thiago Pera, da Universidade de São Paulo, em entrevista para o G1, a alta demanda de containers gera também um alto tempo de espera nos portos mais movimentados do mundo.
Na mesma entrevista, Pera descreve que em Xangai, houve um aumento de 140% acima da média histórica na espera pelo berço, espaço em que o navio pode atracar para realizar suas operações em segurança – durando 1 dia e 19 horas.
Já em Los Angeles, o aumento foi de 16.899%, com uma espera de 8 dias e 12 horas, o maior entre os portos.
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Já no Brasil, a espera média é de 1 dia e 2 horas, aumento de 175%. Em Santos, São Paulo, passou a ter de esperar uma média de 11 dias, o que gera um volume maior de cargas para exportação retidas no porto, de acordo com Wagner Souza, diretor executivo da Associação Brasileira dos Terminais Retroportuários e das Empresas Transportadoras de Contêineres (ABTTC), ao ser entrevistado para o G1.
Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), ao ser questionado pelo mesmo jornal, reitera que não há prejuízo na qualidade de produtos que já foram embarcados, uma vez que estes ficam em ambientes refrigerados.
Alta do preço dos fretes e produtos
A fim de embarques mais previsíveis e confiáveis, produtores maiores tendem a optar por contratos de médio e longo prazo dos transportes marítimos.
Não acontece o mesmo com o pequeno produtor ou os novos produtores do mercado, que tem mais dificuldade de ter relações mais estreitas com tais empresas.
Um levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) diagnosticou que, entre janeiro de 2021 e setembro de 2021, o preço do frete em dólar de um container destinado aos Estados Unidos subiu em 433%. Caso o destino seja a costa oeste da América do Sul, a alta é de 510% no mesmo intervalo de tempo.
Nas importações, o caso é o mesmo. Um container vindo da Ásia encareceu cerca de 446% no mesmo período.
Porém, uma vez que o Brasil representa apenas 1% das movimentações internacionais de containers, o país importa mais mercadorias em containers que exporta e tem problemas crônicos de baixa eficiência aduaneira portuária.
O frete por si só não deve ter impacto nos alimentos do mercado interno, pois são setores completamente separados, de acordo com Santin.
A história muda quando se trata de perda de oportunidades por prazos estendidos, sendo necessário aumentar o valor do produto no mercado interno para compensar os custos de exportação.
Por quanto tempo?
A solução em curto prazo passa pela retomada do ritmo de produção industrial de containers e pela maior agilidade nas operações de carga e descarga dos navios nos portos. A estabilização das cadeias globais e dos fluxos de movimentação (solução mais duradoura), contudo, demandam mais tempo.
Bruno Batista, diretor executivo da Confederação Nacional do Transporte (CNT), admite consenso em declarar que os problemas no transporte marítimo terão continuidade até 2022
FONTE: G1
A fim de melhorar a situação do comércio exterior no Brasil, representantes da CNI se reuniram com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para discutir o assunto e listar possíveis ações para ajudar a reduzir os estragos.
Entre os tópicos discutidos, estão o aumento da eficiência aos controles aduaneiros e agilizar a liberação da carga. É esperada também a padronização de taxas cobradas pelos terminais portuários e eliminação de cobrança para o escaneamento de containers.
A Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave), entidade que reúne os principais armadores do país, apontou medidas para que o cenário mude, como o adiamento de desativação de embarcações mais antigas e reparos em containers danificados.
Conclusão
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