O transporte aquaviário desempenha um papel fundamental no comércio internacional, movimentando cerca de 90% do volume global de mercadorias. No Brasil, esse setor é crucial, considerando sua extensa costa e rede de hidrovias, que sustentam o crescimento econômico por meio das exportações e importações marítimas. Contudo, o predomínio do diesel como combustível no transporte marítimo apresenta desafios significativos em termos de sustentabilidade ambiental.
As emissões de dióxido de carbono (CO₂) e outros gases de efeito estufa não apenas contribuem para a acidificação dos oceanos e a degradação de ecossistemas marinhos, mas também afetam a qualidade do ar nas regiões portuárias, prejudicando a saúde das comunidades locais.
A descarbonização do setor marítimo é uma meta global que ganha relevância diante das mudanças climáticas. A Organização Marítima Internacional (IMO) estabeleceu a meta de reduzir as emissões do setor em 50% até 2050, o que exige esforços coordenados entre países, indústrias e governos.
Para o Brasil, o desafio é também uma oportunidade: sua capacidade de produzir combustíveis alternativos como o biodiesel, o hidrogênio verde e o gás natural liquefeito (GNL) pode posicionar o país como um protagonista na transição energética global. No entanto, para que isso ocorra, será necessário superar barreiras econômicas e políticas, além de modernizar a infraestrutura portuária para atender às novas demandas de armazenamento e distribuição desses combustíveis.
Normativas nacionais e internacionais, como a Convenção Marpol e as legislações brasileiras, impulsionam a busca por alternativas ao diesel no transporte aquaviário. Tecnologias emergentes, como o uso de hidrogênio e biocombustíveis, já se mostram viáveis, embora ainda enfrentem desafios relacionados à viabilidade econômica e à adaptação de maquinários.
Com iniciativas como o Programa Nacional de Hidrogênio e incentivos previstos pela Lei Federal 14.990/2024, o Brasil tem potencial para liderar a implementação de soluções sustentáveis no setor. A transição para combustíveis limpos não apenas contribuirá para a mitigação dos impactos ambientais, mas também reforçará a competitividade do país em um cenário global que valoriza a sustentabilidade.