Como viram no nosso 1ª artigo da Trilha Realidade dos Portos Brasileiros, o Porto de Itaqui, localizado no Maranhão e administrado pela EMAP, bateu um recorde com a movimentação de 5 milhões de toneladas de soja.
Hoje, em entrevista para o nosso Blog Jailson Luz, diretor de planejamento e desenvolvimento da Empresa Maranhense de Administração Portuária, contou os desafios pelos quais tiveram de passar e como chegaram ao posto de 6º maior porto brasileiro.
Aproveite!
Primeiros planos para o Porto de Itaqui
Sérgio – Quando a a gestão atual assumiu o controle do Porto de Itaqui, qual era seu objetivo?
Jailson – Quando fomos convidados a assumir a gestão do Porto de Itaqui pelo Governo do Estado do Maranhão, em 2015, nossa intenção era investir em ganho de produtividade, por meio de uma gestão austera. Com um orçamento de apenas 300 mil reais e uma gestão muito bem aplicada, nós conseguimos superar as expectativas e chegar a um lucro de R$ 68 milhões só no primeiro ano de trabalho.
Sérgio – E como vocês fizeram para chegar a esse lucro?
Jailson – O que realmente fez diferença para conseguirmos esses resultados foi o foco na redução de custos e despesas por um lado e do outro lado uma atenção especial à produtividade, aplicando uma série de ferramentas de qualidade, com destaque para a Kaizen. Nosso índice de produtividade por tipos de carga estava baixo em comparação a outros portos, como por exemplo a celulose. Hoje há uma fábrica de celulose a 700 km de São Luiz do Maranhão que escoa sua produção através da ferrovia para o Porto de Itaqui.
Após aplicar a metodologia Kaízen, uma metodologia japonesa, sentimos uma melhoria nesse processo, o que juntamente com o advento da fábrica levou a nossa produção da celulose a algo em torno de 16 mil toneladas/dia. Triplicamos a produção. E com o fertilizante seguimos o mesmo processo, duplicando a sua produção, com algo em torno de 12 a 14 mil toneladas/dia.
Isso tudo foi feito com essa metodologia, além da implantação do BSC (Balanced Scorecard) feita em 2016, contando ainda com o planejamento estratégico implantado no ano passado. O nosso porto nunca teve um plano estratégico alinhado ao plano mestre.
Sérgio – Houve mudanças estruturais no porto para esse aumento da produção?
Jailson – Nós não daríamos conta de atender o volume que estava sendo colocado no mercado, então para resolver isso decidimos construir um berço para o aumento de produção, e é isso que estamos fazendo. Com esse aumento da produtividade, conseguimos diminuir o tempo de espera de um navio para atracar. Hoje nossa média de espera é de cerca de 17 a 20 horas.
Destaques na importação e exportação do porto
Sérgio – Qual é o produto de maior relevância hoje para o Porto de Itaqui?
Jailson – Em relação a produtos, além da celulose, nossos destaques são os grãos (soja, milho e farelo) e em seguida o granel líquido, que diz respeito aos refinados.
Aqui não podemos deixar de falar da operação do TEGRAM (Terminal de Grãos do Maranhão), iniciado em março de 2015, que diz respeito aos 4 armazéns para movimentação de grãos. Nossa expectativa é performar cerca de 4,5 milhões de toneladas pelo TEGRAM e mais cerca de 3 milhões de toneladas pela VLI, totalizando 7,5 milhões de toneladas até o fim do ano.
Temos um berço a ser inaugurado em novembro, dedicado a granéis líquidos, o berço 108, que irá aumentar nossa capacidade de movimentação em mais 3,5 milhões de toneladas ano. Hoje a ANP (Agência Nacional do Petróleo) reconhece o Porto do Itaqui como um dos principais hubs de distribuição desse tipo de carga, principalmente para a região Norte. Cerca de 60% da gasolina importada no Brasil é nacionalizada no Itaqui, assim como o diesel, com seus 54%.
Também nos destacamos com fertilizantes, para os quais guardamos uma expectativa de 1,7 milhões de toneladas para este ano e estamos nos estruturando para nos próximos anos aumentar nossa capacidade de movimentação em 3 milhões de toneladas/ano.
Sérgio – Alguma outra informação que ache interessante compartilhar conosco?
Jailson – Um dos principais pontos positivos é a economia que o Porto do Itaqui possibilita ao carregar o navio em sua capacidade plena, devido à profundidade dos berços e canal de acesso.
Hoje praticamente a exportação e a importação estão equilibradas, mas a exportação, em função do grão e da celulose, é destacada.
Temos empresas de grande porte nas operações de importação e exportação, com empresas nacionais e multinacionais, como Yara, Fertipar, Suzano, Vale, CGG, entre outras gigantes de mercado.
Os investimentos e planos para o porto não param
Sérgio – Então hoje o Porto de Itaqui tem uma boa rentabilidade?
Jailson – Hoje estamos com R$ 300 milhões (de reais) em caixa, sendo R$ 250 milhões (de reais) para investimento e outros R$ 50 milhões (de reais) de fundo de reserva.
Nosso porto também é fomentador de investimento privado, com algo em torno de R$ 1 bilhão e 600 milhões de reais.
Sérgio – Pode nos contar aonde pretendem investir esse recurso?
Jailson – Esses R$ 250 milhões de recurso próprio são voltados para a construção de um novo berço; um sistema de combate a incêndio, o qual o porto nunca teve e hoje já estamos em processos de implantação. Também haverá investimento no fluxo interno de pavimentação das ruas e também no nosso centro de controle operacional, que antes era realizado em um quadro branco, agora passou a ser feito de forma digital.
Além disso, pretendemos realizar a pavimentação de uma estrutura de 20 mil metros quadrados estendendo a estrutura de carga geral e contêiner, o que gerará maior capacidade de movimentação.
Sérgio – Quais as expectativas para o fechamento deste ano?
Jailson – Além do lucro de R$ milhões em 2015 e R$ 43 milhões em 2016, tivemos uma redução de custo de R$ 58 milhões nesses últimos dois anos, ou seja, o lucro é bom, mas a eficiência em redução de custos é importantíssima. Esse ano a expectativa é um lucro de R$ 50 milhões e redução de custo em cerca de R$ 23 milhões, de acordo com o orçamento.
Agradecemos pelas valiosas palavras concedidas pelo Jailson e a EMAP. Espero que você tenha gostado e extraído boas dicas da excelente administração que vem sendo realizada no Porto de Itaqui. Então se ainda não se inscreveu na nossa trilha, essa é a sua chance. Cadastre-se no formulário abaixo.