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2024 foi um ano movimentado no comércio exterior. A balança comercial trouxe resultados importantes, alguns setores se destacaram mais que outros e os produtos mais exportados e importados mostraram bem o rumo que o mercado seguiu.

Além disso, eventos globais influenciaram diretamente as negociações e moldaram o cenário. Para quem trabalha com comércio exterior, entender esses movimentos é fundamental para planejar estratégias e se manter competitivo no mercado. Nesse artigo, vamos passar por tudo isso de forma direta, para ajudar você a ficar por dentro dos resultados que realmente importam.

Balança comercial 2024 

Balanca comercial jan nov 2024 1

Fonte: MDIC | Secretaria de COMEX

Segundo dados do ComexStat – a plataforma oficial que reúne informações sobre o comércio exterior brasileiro – o Brasil registrou números importantes na balança comercial de 2024. De janeiro a novembro, as exportações cresceram 0,4%, atingindo US$ 312,27 bilhões, enquanto as importações tiveram um aumento maior, de 9,5%, totalizando US$ 242,41 bilhões

Com isso, o superávit comercial ficou em US$ 69,86 bilhões, uma redução de 22% em relação ao mesmo período do ano passado. A corrente de comércio – que soma as exportações e importações – cresceu 4,2%, alcançando US$ 554,69 bilhões

LEIA TAMBÉM: Entenda mais sobre a balança comercial

Parceiros comerciais do Brasil 2024 

Os resultados de 2024 reafirmam a importância de três grandes parceiros comerciais para o Brasil: China, Estados Unidos e Argentina. Esses países continuam a ocupar posições de destaque no comércio exterior brasileiro, mesmo com dinâmicas distintas em exportações, importações e saldos comerciais. 

Principais parceiros comerciais 2024 1

China: 

A China consolidou-se como o maior parceiro comercial do Brasil, representando o maior volume de transações. Entre janeiro e novembro de 2024, as exportações brasileiras para a China, Hong Kong e Macau caíram 6,1%, totalizando US$ 90,86 bilhões. Já as importações cresceram 20,6%, alcançando US$ 59,40 bilhões.

Apesar da queda nas vendas, a balança comercial com a China ainda apresentou um superávit de US$ 31,46 bilhões, enquanto a corrente de comércio entre os países aumentou 2,9%, atingindo US$ 150,25 bilhões

De acordo com o diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do Ministério, a redução nas exportações para a China é conjuntural e está relacionada à queda nos preços e volumes de soja, milho e minério de ferro – produtos que representam uma pauta de exportação concentrada e, por isso, são mais suscetíveis a variações. 

Estados Unidos: 

Os Estados Unidos mantiveram-se como o segundo maior parceiro comercial do Brasil em 2024. As exportações para os EUA cresceram 9,3%, atingindo US$ 36,57 bilhões, enquanto as importações aumentaram 6,9%, totalizando US$ 37,36 bilhões. Com esses resultados, a balança comercial apresentou um déficit de US$ 0,79 bilhões, enquanto a corrente de comércio expandiu-se em 8,1%, chegando a US$ 73,93 bilhões

Argentina:

A Argentina ocupou o terceiro lugar no ranking de parceiros comerciais. Entre janeiro e novembro de 2024, as exportações brasileiras para a Argentina caíram 21,4%, somando US$ 12,48 bilhões. Por outro lado, as importações cresceram 11,0%, atingindo US$ 12,34 bilhões. O saldo da balança comercial foi positivo em US$ 0,15 bilhões, mas a corrente de comércio sofreu uma redução de 8,0%, totalizando US$ 24,82 bilhões

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Produtos mais exportados e importados em 2024 

Exportações:

produtos mais exp

De janeiro a novembro de 2024, os principais produtos exportados pelo Brasil, segundo o ComexStat, como mostra o gráfico acima, foram: 

  • Soja
  • Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos
  • Minério de ferro e seus concentrados 
  • Açúcares e melaços

Como mencionado, no período de janeiro a novembro deste ano as exportações cresceram 0,4%, em relação ao mesmo período do ano passado, esse desempenho foi marcado por um crescimento significativo das vendas de itens como: 

  • Animais vivos, não incluído pescados ou crustáceos (46,4%), Café não torrado (58%) e Algodão em bruto (89,6%) no setor Agropecuário; 
  • Minério de ferro e seus concentrados ( 2%), Minérios de cobre e seus concentrados (21%) e Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus (9,5%) na Indústria Extrativa; 
  • Carne bovina fresca, refrigerada ou congelada (24,7%), Açúcares e melaços (25,8%) e Celulose (33,7%) na Indústria de Transformação. 

E mesmo que o cenário geral tenha sido de crescimento das exportações, alguns produtos enfrentaram quedas: 

  • Arroz com casca, paddy ou em bruto (-51,2%), Milho não moído, exceto milho doce (-40,5%) e Soja (-17,9%) na Agropecuária; 
  • Outros minerais em bruto (-28,2%), Minérios de níquel e seus concentrados (-20,9%) e Outros minérios e concentrados dos metais de base (-21,3%) na Indústria Extrativa. 
  • Farelos de soja e outros alimentos para animais (excluídos cereais não moídos), farinhas de carnes e outros animais (-14,3%), Gorduras e óleos vegetais, “soft”, bruto, refinado ou fracionado (-49,3%) e Produtos semi-acabados, lingotes e outras formas primárias de ferro ou aço (-26,9%) na Indústria de Transformação.

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Importações:

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Nas importações, os principais produtos importados pelo Brasil, segundo o ComexStat, como mostra o gráfico acima, foram: 

  • Óleos combustíveis de petróleo
  • Adubos ou fertilizantes químicos
  • Válvulas e tubos termiônicas, de cátodo frio ou foto-cátodo, diodos, transistores
  • Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus

O resultado das importações deste ano foi de crescimento, mais especificamente de janeiro a novembro deste ano o Brasil importou 9,5% a mais do que no mesmo período do ano anterior. Esse aumento nas importações foi impulsionado pela ampliação das compras dos seguintes produtos: 

  • Trigo e centeio, não moídos (27,4%), Frutas e nozes não oleaginosas, frescas ou secas (34,1%) e Soja (321%) no setor agropecuário; 
  • Outros minerais em bruto (8,1%), Outros minérios e concentrados dos metais de base (3,6%) e Gás natural, liquefeito ou não (103,7%) na indústria extrativa; 
  • Motores e máquinas não elétricos, e suas partes (exceto motores de pistão e geradores) (29,9%), Veículos automóveis de passageiros (51,8%) e Aeronaves e outros equipamentos, incluindo suas partes (47,1%)  na indústria de transformação. 

No entanto, alguns itens registraram quedas na importação: 

  • Café não torrado (-68,1%), Cacau em bruto ou torrado (-7,4%) e Algodão em bruto (-18%) na Agropecuária; 
  •  Minérios de cobre e seus concentrados (-100%), Carvão, mesmo em pó, mas não aglomerado (-21,5%) e Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus (-4,1%) na Indústria Extrativa; 
  • Coques e semi-coques, incluindo resíduos de hulha, de linhita ou de turfa, e carvão de retorta (-41,9%), Óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (exceto óleos brutos) (-8,6%) e Adubos ou fertilizantes químicos (exceto fertilizantes brutos) (-5,9%) na Indústria de Transformação. 

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📌 Obs.: é importante destacar que os produtos que impulsionaram o crescimento das exportações e importações em 2024 não necessariamente são os mais exportados ou importados. Isso pode parecer contraditório à primeira vista, mas não é incomum. Os produtos que impulsionam o crescimento das exportações e importações são aqueles que tiveram maior variação percentual no período analisado, enquanto os produtos mais exportados ou importados em valor absoluto são aqueles que já têm grande participação tradicional no comércio exterior brasileiro. 

Setores em destaque no comércio exterior brasileiro 

No acumulado de janeiro a novembro de 2024, no que diz respeito às exportações, a Agropecuária apresentou uma queda de -10,2% em comparação ao mesmo período do ano anterior, totalizando US$ 68,52 bilhões, representando cerca de 22% do total exportado.  

Em contraste, a Indústria Extrativa registrou crescimento de 6,5%, alcançando US$ 75,94 bilhões, equivalente a aproximadamente 24% das exportações. Enquanto a Indústria de Transformação teve uma expansão mais modesta, de 3,0%, somando US$ 166,18 bilhões, correspondendo a 53% do total exportado pelo Brasil. 

Já nas importações, o cenário apresentou uma dinâmica distinta. A Agropecuária foi o setor com maior crescimento proporcional, registrando alta de 25,6% e somando US$ 5,18 bilhões no acumulado do ano. 

A Indústria Extrativa também cresceu, mas em menor ritmo, com expansão de 1,7%, totalizando US$ 15,45 bilhões do total importado pelo Brasil. Por sua vez, a Indústria de Transformação teve um aumento significativo de 9,9%, atingindo US$ 220,12 bilhões.  

Eventos que marcaram o comércio exterior em 2024 

O ano de 2024 trouxe uma série de eventos que impactaram diretamente o comércio exterior brasileiro. A seguir, destacamos os acontecimentos que moldaram o cenário ao longo do ano. 

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Crise climática no Rio Grande do Sul 

Em 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou uma das maiores tragédias climáticas de sua história. As enchentes que atingiram o estado não só causaram danos às comunidades locais, mas também deixaram um impacto significativo na economia e no comércio exterior. Como um dos principais polos agroindustriais do Brasil, o estado viu a produção de itens essenciais, como arroz, soja e carnes, ser duramente prejudicada. 

Rodovias interditadas, pontes destruídas e a interrupção de linhas ferroviárias dificultaram tanto o transporte de mercadorias quanto a exportação para mercados importantes, como China, Estados Unidos e União Europeia. A inflação de alimentos básicos, como arroz e feijão, foi um dos reflexos diretos dessa crise, levando o governo federal a cogitar importar esses itens para conter os preços. 

Fim do Certificado de Origem no Mercosul 

O fim da obrigatoriedade do Certificado de Origem aconteceu em julho deste ano. Agora, os exportadores podem usar uma certificação auto declaratória, tornando o processo mais rápido e menos burocrático. Essa medida, que vinha sendo negociada desde 2019, promete trazer uma economia de até R$ 10 milhões por ano para os exportadores do bloco. 

Outra novidade foi o aumento no limite de componentes estrangeiros permitidos nos produtos considerados originários. Antes, um produto só podia ter 40% de materiais de fora do Mercosul. Com as novas regras, esse limite subiu para 45%, beneficiando 100% dos itens industriais e a maior parte dos produtos agrícolas. 

Além disso, ficou mais fácil exportar produtos brasileiros a partir de recintos alfandegados em outros países, reduzindo custos logísticos. 2024 trouxe avanços que prometem facilitar a vida de quem exporta e importa dentro do bloco 

Ínicio do desligamento faseado do Siscomex DI/LI 

O dia 1º de outubro de 2024 marcou o início da migração faseada para a Declaração Única de Importação (DUIMP), substituindo gradualmente a DI (Declaração de Importação) e LI (Licença de Importação). 

Essa mudança faz parte do Portal Único de Comércio Exterior, que busca simplificar processos, reduzir custos e aumentar a eficiência do comércio exterior brasileiro. A segunda etapa da migração está prevista para janeiro de 2025, incluindo operações aéreas e aquelas sujeitas a controle administrativo.  

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O cronograma deve ser concluído até o final de 2025, encerrando definitivamente o uso do Siscomex LI/DI e trazendo uma gestão mais moderna para as importações do país. 

Reforma tributária segue para o Senado 

Em outubro de 2024, a Câmara dos Deputados deu um passo importante para a Reforma Tributária ao aprovar o projeto que regulamenta o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que substituirá o ICMS e o ISS. O texto segue agora para o Senado e, se aprovado, representará uma mudança histórica no sistema tributário brasileiro. 

O IBS promete simplificar o sistema, reduzir custos e trazer mais eficiência tanto para o setor público quanto para as empresas. A criação do Comitê Gestor do IBS, responsável pela coordenação nacional do imposto, é uma das inovações que podem facilitar a transição. 

Brasil e China firmam 37 novos acordos no G20 

Em novembro de 2024, durante a Cúpula de Líderes do G20 realizada no Rio de Janeiro, Brasil e China consolidaram ainda mais sua parceria estratégica ao assinarem 37 novos acordos de cooperação. Esses acordos abrangem mais de 15 áreas, incluindo agronegócio, tecnologia, educação, saúde, cultura e desenvolvimento sustentável. 

Entre os destaques estão iniciativas para a abertura de mercado para produtos agrícolas brasileiros, intercâmbio educacional e avanços em infraestrutura e tecnologia. Essas parcerias reforçam a posição da China como principal parceiro comercial do Brasil, uma relação que já dura 15 anos. 

Brasil atinge nível histórico de exportações de açúcar 

Em 2024, o Brasil registrou números impressionantes nas exportações de açúcar, superando a marca de 31,68 milhões de toneladas até outubro. Esse volume já ultrapassa todo o total exportado em 2023, que foi de 31,28 milhões de toneladas. 

O aumento foi impulsionado por problemas climáticos na Índia, que reduziram a capacidade de exportação do país e abriram espaço para o produto brasileiro no mercado internacional. A projeção é que, até dezembro, o Brasil alcance cerca de 40 milhões de toneladas exportadas, estabelecendo um novo patamar para o setor. 

LEIA MAIS: Como funciona a exportação de açúcar no Brasil? Veja os números de 2024

Trump vence eleições nos EUA 

A vitória de Donald Trump nas eleições de 2024 reacendeu incertezas no comércio global. Segundo análise do ICOMEX, relatório elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Trump sinalizou a intenção de aumentar tarifas de importação: 60% para a China, entre 10% e 20% para outros países, e até 25% para o México, dependendo de negociações sobre imigração. 

Essas medidas podem gerar inflação, elevação das taxas de juros nos Estados Unidos e valorização do dólar, com reflexos diretos na economia global, incluindo o Brasil. 

No comércio internacional, políticas protecionistas podem intensificar as tensões e desacelerar o crescimento global. Apesar das ameaças, ainda não está claro se Trump aplicará essas tarifas de forma ampla ou as usará como instrumento de barganha. 

Greve dos auditores fiscais impacta comércio exterior em 2024 

Em 2024, a greve dos auditores fiscais da Receita Federal gerou uma onda de preocupações no comércio exterior brasileiro. Iniciada em 26 de novembro, a paralisação por tempo indeterminado foi convocada pelo Sindifisco em resposta à falta de negociações sobre reajuste salarial, apesar do aumento previsto no bônus de eficiência. 

Durante o movimento, as atividades nas aduanas foram reduzidas, respeitando o quantitativo mínimo de 30%, com liberação de cargas prioritárias, como medicamentos, alimentos e animais vivos, conforme determina a legislação. Contudo, as filas e atrasos na liberação de cargas comuns resultaram em impactos significativos para empresas que dependem da importação e exportação de mercadorias. 

A greve também chamou a atenção de parlamentares e representantes do setor privado, que expressaram preocupação com os possíveis prejuízos ao setor produtivo e à arrecadação federal. A Frente Parlamentar pelo Livre Mercado destacou a urgência de resolver o impasse para evitar maiores danos ao comércio exterior e à economia como um todo. 


Gostou do artigo? Esse panorama do comércio exterior em 2024 reuniu os principais dados, tendências e acontecimentos que marcaram o ano. Esperamos que tenha sido útil para entender o cenário atual e planejar os próximos passos no mercado. Se você quiser compartilhar suas impressões ou discutir mais sobre o tema, fique à vontade para entrar em contato.

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