A importação está longe de ser uma atividade fácil e tranquila. Na verdade, seu mar de complexidade que precisamos navegar é propício para cometermos uma série de erros que podem se tornar verdadeiros pesadelos da importação.
É por isso que preparamos este artigo para te ajudar a identificar os pesadelos da importação mais comuns e descobrir dicas para evitá-los no dia a dia!
Quer saber mais sobre esses erros e tornar sua operação mais inteligente? Continue lendo e entenda mais:
Quais são os tipos de importação?
A importação é o processo de nacionalização de um produto ou serviço originado em países estrangeiros. Há três modalidades de importação no Brasil:
- Importação por conta e ordem de terceiros
- Importação por encomenda
- Importação direta ou por conta própria
Importação por Conta e Ordem de Terceiros
Modalidade de importação em que uma empresa terceirizada (importadora) realiza o desembaraço da carga em nome do adquirente (comprador).
É importante destacar que ambas empresas são responsáveis pela operação. Outra característica dessa modalidade é que a importação é realizada usando os recursos da adquirente, sendo a importadora uma prestadora de serviço de assessoria.
Importação por Encomenda
O processo de importação por encomenda é semelhante à modalidade de conta e ordem de terceiros. Assim, temos a presença da importadora e da encomendante (consumidora final da mercadoria).
Neste caso, porém, os recursos para realizar a operação são da importadora, que realiza a nacionalização do bem para futura venda à empresa encomendante.
Importação por Conta Própria
Por fim, temos a importação por conta própria que, como o nome indica, é a modalidade de nacionalização direta dos produtos. Assim, a empresa que utilizará a mercadoria também é totalmente responsável pelo processo de importação, sem ter um intermediário realizando o desembaraço.
Como funciona o processo de importação?
Em todos os casos, os processos de importação são, em geral, os seguintes:
- Habilite-se no Radar/Siscomex;
- Planejamento dos processos de importação e custos;
- Preenchimento do NCM e emissão de nota fiscal;
- Câmbio e pagamento internacional;
- Contratação de frete;
- Emitir o licenciamento da importação (LI);
- Registro da Declaração de Importação (DI);
- Desembaraço aduaneiro.
Como pode ser visto, o processo de importação é altamente burocrático, exigindo dos operadores uma ótima gestão de processos e documentação.
Nesse sentido, podemos dividir a importação em três fases:
- Negociação: encontrar, validar, contratar e definir os termos de pagamento com os fornecedores;
- Habilitação: adquirir as documentações e licenças necessárias para liberação da carga;
- Despacho aduaneiro: realizar os registros e pagamento dos tributos conforme os procedimentos exigidos pela legislação.
Assim, é preciso conhecer e ter bem definido os procedimentos para cada uma dessas fases. Do contrário, podemos encontrar gargalos e erros que podem trazer grandes prejuízos ou atrasar o recebimento da mercadoria.
Quais são os principais pesadelos da importação?
Sabendo da complexidade em que devemos navegar no Comércio Exterior, é comum haver diversos gargalos durante o processo. Porém, com algumas ações e procedimentos podemos evitá-los para ter uma operação mais fluída e lucrativa.
De tal modo, podemos destacar 8 principais pesadelos da importação:
- Falta de planejamento dos processos;
- Má gestão financeira;
- Inexistência de processos de validação de fornecedores;
- Desconhecimento sobre a classificação fiscal correta;
- Falta de controle integrado das documentações;
- Ausência de processos bem definidos e documentados;
- Não acompanhar as mudanças nos processos do exportador.
1. Falta de planejamento dos processos de importação
Um dos mais comuns pesadelos que geram enormes gargalos no processo de importação é a falta de planejamento.
A importação é uma atividade bastante complexa, mergulhada em um oceano de regulamentações, exigências administrativas e tributárias que precisam ser navegadas com maestria pelos operadores.
Nesse sentido, conhecer todos os procedimentos, as exigências legais e administrativas, além dos cálculos dos tributos é essencial para uma importação ágil e de sucesso.
Por isso, o primeiro passo para otimizar a operação é saber:
- Quais são as etapas para realizar a importação, definindo os documentos e tarefas necessários, prazos e responsáveis;
- Como funciona a classificação fiscal da mercadoria;
- Os cálculos e planejamento tributário;
- As formas de pagamentos internacionais.
2. Má gestão financeira na importação
Juntamente com a falta de planejamento dos processos, a má gestão financeira gera pesadelos na importação, como:
- Perda de prazos de pagamentos;
- Prejuízos com multas e penalizações;
- Custo maior com armazenagem extra;
- Compras com condições de preço e prazo desfavoráveis;
- Frete internacional acima do que projetado;
- Comprometimentos fora da capacidade da empresa;
- Quebra de confiança com seus parceiros e fornecedores; e muitos outros problemas.
Tudo isso, no final, terá impacto direto na lucratividade e rentabilidade de toda a operação.
3. Inexistência de processos de validação dos fornecedores
Uma das etapas de importação mais importantes é a escolha do fornecedor ideal. Entretanto, é comum que importadores deixem de fazer a devida validação de seus parceiros, assumindo riscos desnecessários:
- Maior chance de ter problemas nas documentações;
- Comprar produtos fora das especificações exigidas pela legislação;
- Mercadoria que não obedece os tratamentos fitossanitários;
- Aumento nas dificuldades e atrasos de comunicação;
- Custos e preços que se alteram no meio do caminho;
- Baixa qualidade dos produtos ou serviços.
Assim, é fundamental que todo importador monte um processo completo de validação, contemplando, por exemplo, atividades como:
- Pesquisa de mercado;
- Análise de concorrência;
- Teste de produtos;
- Processo de negociação de preço e condições comerciais;
- Procedimentos de validação contratual;
- Documentação de todas as exigências que devem ser cumpridas pelo exportador;
- Validação do cumprimento das exigências, como devido tratamento fitossanitário e obtenção de licenças;
- Escolha do método mais adequado para o pagamento internacional.
4. Desconhecimento sobre a classificação fiscal correta
O sistema tributário brasileiro é altamente complexo e pode ser bastante confuso. Por isso, é necessário cuidado redobrado com a classificação fiscal correta da mercadoria.
É muito comum, portanto, que haja muitas dúvidas (e pesadelos) no preenchimento, por exemplo, do código da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM).
Essa é uma etapa muito importante, pois a classificação incorreta pode acarretar em:
- Multa de 1% do seu valor total;
- Outras multas e juros;
- Demora para a liberação da mercadoria.
Assim, o importador precisa garantir que tem acesso a todas as informações técnicas do produto para conferir qual o código exato para classificação fiscal. Também é importante obter um documento técnico para a prova.
5. Falta de um controle integrado das documentações
Como pode ser observado, o processo de importação exige um rigoroso controle documental. Afinal, são vários documentos que precisam ser gerados, registrados e administrados.
Assim, um dos grandes pesadelos na importação é não ter uma forma de gerenciar de maneira integrada e automatizada. Nesse sentido, um software de comércio exterior tende a ser o melhor aliado de um importador.
Isso porque a plataforma pode:
- Preencher grande parte dos documentos de forma automática;
- Permite o fácil acesso a todas as informações em um único lugar;
- Agilizar a emissão de faturas, documentos e licenças;
- Registro dos documentos diretamente nos sistemas do Siscomex;
- Acompanhar cada documento durante todo seu ciclo de vida;
- Facilitar a integração entre departamentos através do compartilhamento de informações atualizadas em tempo real;
- Facilitar que toda a sua equipe tenha em mãos as informações que precisam de forma organizada.
6. Ausência de processos bem definidos e documentados
De nada adianta fazer um bom estudo de mercado, planejar as atividades e ter um sistema implementado, se ninguém utiliza essas informações corretamente.
Dessa maneira, é importante estabelecer processos que sejam claros, objetivos e com responsáveis definidos para que tudo possa correr conforme o planejado.
Além disso, a boa documentação dos processos facilita a contratação de novos membros para sua equipe. Isso porque reduz o tempo necessário de treinamento e aumenta os níveis de confiança do novo funcionário, uma vez que o passo a passo de como executar suas atividades estão bem esclarecidos.
7. Desconhecimento sobre as regulamentações específicas
Em um artigo sobre pesadelos comuns da importação não poderia faltar um tópico sobre o desconhecimento sobre as regulamentações. Isso porque diferentes categorias de produtos podem estar sujeitas a procedimentos específicos.
Nesse sentido, todo importador deve estar familiarizado com as exigências administrativas, legais e tributárias relativas ao tipo de mercadoria que está nacionalizando.
Isso inclui, por exemplo, conhecer todas as anuências necessárias dos órgãos anuentes, como MAPA, ANVISA, Exército, INMETRO e tantos outros.
8. Não acompanhar as mudanças nos processos do exportador
Outro erro muito comum é deixar de manter uma comunicação próxima com o fornecedor. Assim, quando o exportador muda seu processo, condições comerciais e até mesmo os preços, seja por motivos de mercado ou outros, é fundamental que seu negócio esteja ciente e preparado para lidar com as mudanças.
Importação: como ser mais eficiente
Para realizar uma importação mais eficiente, portanto, não podemos deixar de pensar em:
- Planejamento: mapear e documentar todas as atividades e responsáveis envolvidos no processo de importação;
- Gestão documental: garantir que todo documento está preenchido corretamente, dentro do prazo e registrados corretamente;
- Integração interna: com ajuda de um software de comércio exterior, é possível integrar todos os departamentos, evitando perda de informações, falta de comunicação ou erros por dados desatualizados;
- Qualificação de fornecedores: ter um processo robusto para qualificar e certificar todos os parceiros, desde o fornecedor até o transporte;
- Automação: para uma importação eficiente, é crucial contar com ajuda da automação para eliminar tarefas manuais, aumentar a produtividade e eliminar os pesadelos na importação.