Todo país precisa manter sua balança comercial favorável. Isso significa comparar o valor das exportações com o gasto com importações e, no fim da contas, ter lucro. Quando isso ocorre, houve um superávit comercial (o arrecadado com as exportações é maior do que o pago em importações) e, caso se configure o contrário, trata-se de um déficit.
O conceito surgiu no mercantilismo: um conjunto de práticas econômicas baseadas no mercado externo. Desde então, a ideia sempre foi buscar mais exportações do que importações. Para isso, criaram-se estratégias usadas até hoje, como barreiras alfandegárias, impostos sobre importados e protecionismo à indústria nacional.
Outros fatores influenciam essa política, sempre com o objetivo de dificultar as importações. Entre eles, a cotação das principais moedas, a alta ou a baixa no preço de um determinado produto, o poderio de produção de um item e outros.
Não é apenas para o país, porém, que a balança comercial favorável é interessante. As empresas também se beneficiam desse cenário. Venha entender melhor como isso ocorre!
O que é o Superávit Comercial
Nem sempre, porém, a obtenção de superávit comercial é um bom sinal para a economia. Em momentos de crise, por exemplo, é natural que informações positivas tragam otimismo. É importante, entretanto, saber que elas podem não ser motivo para comemoração — especialmente em momentos de recessão.
Em um cenário de baixa econômica e desemprego, o superávit comercial — principalmente se for recorde — não significa, necessariamente, uma conquista importante. Ou seja, não é porque o saldo nas contas externas é positivo que ele é digno de otimismo.
É essencial, diante de qualquer contexto, analisar a situação em que o superávit se dá. Ou seja, o gerente de comércio exterior deve estar ciente de quais são os principais motivos desse resultado para, com base nisso, definir seus investimentos.
A avaliação deve considerar a tendência dos meses anteriores, principalmente as que envolvem os movimentos das atividades de comércio exterior. Com esses dados em mãos, é possível analisar as informações com mais propriedade e ter um panorama mais aproximado da realidade.
Além disso, é fundamental colher dados de fontes idôneas, como é o caso das estatísticas divulgadas pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) — que tem um sistema eficiente de coleta, apuração e divulgação das operações desse tipo de comercialização.
Informações importantes
A avaliação desses dados ajuda a preparar a empresa para o momento econômico nacional (e o global, se for feita uma análise ampliada). Com isso, é possível controlar os processos de exportação da organização com mais habilidade.
Em julho, o MDIC registrou superávit de US$ 6,29 bilhões (14,9% a mais que em julho de 2016). De janeiro a julho, o acumulado atingiu US$ 42,51 bilhões. Isso reflete a quantidade de produtos exportados (alta de 3,3% em relação ao mesmo período do ano passado), mas inclui também seu preço, que aumentou 15,3%.
Com esse saldo positivo persistente, no cenário atual, a maior chance é de que a economia interna esteja se deteriorando gradual e continuamente. Basta olhar os números de importações: elas somaram US$ 83,96 bilhões (um aumento de 7,2% em relação ao mesmo período de 2016) graças à desvalorização cambial.
Infelizmente, esses dados não estão relacionados a investimentos na indústria de base, que apoiaria a criação de empregos. Ao contrário, representam uma mudança de curto prazo e sem planejamento, que pode ser muito prejudicial no futuro.
Se, por outro lado, a economia brasileira passar a crescer, a retomada do desenvolvimento implica, necessariamente, a importação de máquinas e equipamentos. Nesse caso, o déficit é bem-vindo e, em geral, é revertido a médio prazo com a recuperação de dinamismo exportador.
Em outras palavras, o superávit comercial funciona como um termômetro da economia, mas deve ser sempre avaliado com base no contexto para não ser interpretado de forma errada. É, sem dúvida, um dado importante para traçar melhores caminhos, tanto para o país quanto para as empresas que atuam nele.
Já se sente mais preparado para analisar como o superávit comercial pode afetar os investimentos da sua empresa? Assine nossa newsletter sobre comércio internacional e esteja sempre por dentro de informações sobre esse e outros temas!