Prever o cenário do comércio exterior não é tarefa simples, pois envolve a análise de diversos fatores, como acontecimentos recentes, o contexto global e a situação econômica local.
No entanto, já é possível identificar algumas tendências que provavelmente terão impacto no comércio exterior no próximo ano. Pensando nisso, gravamos uma live exclusiva que inclui uma retrospectiva detalhada de 2023, e uma análise das tendências para 2024 no comércio exterior.
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Neste artigo também vamos explorar algumas dessas tendências, e fazer uma breve retrospectiva dos principais eventos que marcaram o comércio exterior em 2023. Continuem lendo para saber mais!
Índice
Retrospectiva comércio exterior 2023
Impacto das guerras no comércio internacional
O comércio internacional em 2023 foi marcado por influências significativas de conflitos militares, redefinindo as dinâmicas do comércio exterior.
A guerra entre Rússia e Ucrânia, apesar da participação limitada desses países na produção mundial, teve um impacto considerável devido à sua posição como grandes fornecedores de commodities. O impacto disso foi um aumento na venda de commodities por outros países. Como o Brasil, por exemplo que vem utilizando mais tecnologia para aumentar sua produção.
Além disso, o Brasil tem se posicionado estrategicamente em meio às tensões entre Estados Unidos e China, aproveitando-se da nova ordem econômica mundial. Inclusive, neste ano o país superou a produção de milho dos Estados Unidos, isso não acontecia desde 2013.
Nesse contexto, ainda há uma complexa situação no Oriente Médio, o conflito israelense-palestino, marcada por tragédias e disputas territoriais, influencia diretamente as relações comerciais do Brasil com a região.
A Liga Árabe, composta por 22 países, tem uma política de não reconhecimento de Israel como estado, o que coloca o Brasil em uma posição delicada, tendo que equilibrar suas relações com ambos os lados. O Brasil, com um volume significativo de exportações para os países árabes, especialmente no setor agrícola, deve manter uma postura diplomática cautelosa para não prejudicar essas relações comerciais.
Balança Comercial 2023
O ano de 2023 foi marcante para a balança comercial brasileira, estabelecendo um novo recorde. Entre janeiro e outubro, De acordo com dados da Comex Stat, a balança comercial atingiu um superávit impressionante de US$ 80,21 bilhões, representando um crescimento de 57,2% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Falamos mais aprofundadamente sobre esse assunto nos artigos: Produtos mais exportados pelo Brasil em 2023 e Produtos mais importados pelo Brasil em 2023
Este resultado notável, contudo, veio acompanhado de uma queda de 5,3% na corrente de comércio, que totalizou US$ 484,73 bilhões. Esses números refletem uma realidade complexa: o superávit não foi impulsionado por um aumento nos preços de exportação, mas sim pelo crescimento no volume das exportações e uma significativa redução nas importações, que caíram 12,2%.
Ou seja, apesar desses números expressivos o Brasil continua a depender fortemente das vendas de commodities, uma tendência que parece se manter para 2024. No segmento industrial de transformação, observou-se uma queda de 3,2% nas exportações de janeiro a outubro de 2023, em comparação com o mesmo período de 2022.
Contudo, há uma expectativa positiva para este setor, impulsionada por investimentos em novas tecnologias e pelas reformas promovidas pelo governo. Estas mudanças são vistas como medidas fundamentais para aumentar a competitividade do Brasil no mercado internacional.
Parceiros comerciais do Brasil 2023
China: a China mantém sua posição como o principal parceiro comercial do Brasil, sendo o maior destino das exportações brasileiras e a principal fonte de importações. Em 2023, cerca de 30% das vendas externas do Brasil foram para a China, com exportações totalizando US$ 95,38 bilhões e importações totalizando US$ 48,56 bilhões. Segundo dados da Comex Stat.
Estados Unidos: os Estados Unidos figuram como o segundo maior parceiro comercial do Brasil. Até setembro de 2023, o comércio bilateral Brasil-EUA somou US$ 55,5 bilhões, a segunda maior marca histórica, apesar de uma queda de 17,4% em relação a 2022.
Essa redução deve-se principalmente à diminuição de 26,5% nas importações brasileiras dos EUA, enquanto as exportações do Brasil para os EUA caíram 4,5%.
No comércio com os EUA, os bens industriais brasileiros ganharam destaque, especialmente produtos como combustíveis de petróleo e sucos de frutas, que tiveram um aumento significativo em valor. Ao mesmo tempo, o Brasil aumentou suas importações de categorias específicas dos EUA.
Um ponto notável é a redução de 80% no déficit comercial do Brasil com os EUA, que passou de US$ 11,5 bilhões para US$ 2,3 bilhões, conforme reportado pela Exame com dados do Monitor do Comércio Brasil-EUA, Amcham Brasil.
Argentina: ainda no contexto dos principais parceiros comerciais do Brasil, a Argentina se destaca como um ator significativo na economia brasileira.
O país vizinho é o terceiro maior destino das exportações brasileiras. Em termos de comércio bilateral em 2023, dados da Comexstat apontam que, a Argentina exportou para o Brasil o equivalente a US$ 11,11 bilhões, enquanto as importações argentinas de produtos brasileiros alcançaram US$ 15,87 bilhões.
Além disso, este ano foi estabelecido um acordo de US$ 600 milhões com a Argentina para financiar exportações. Essa iniciativa, envolvendo uma colaboração entre o Banco do Brasil, o BNDES e o CAF, visa fortalecer o comércio bilateral, especialmente em um momento de desafios econômicos.
O acordo não apenas facilita as exportações brasileiras, mas também oferece uma solução estratégica para a Argentina, evitando a necessidade de utilizar suas reservas em yuan para garantias.
CCT aéreo
O CCT (Controle de Carga e Trânsito) aéreo, implementado em agosto deste ano, substituiu o Siscomex Mantra, em uso há mais de 25 anos, para otimizar o controle de dados aduaneiros no Comércio Exterior brasileiro.
É importante destacar que o CCT aéreo se aplica apenas a voos regulares, com os voos irregulares, como fretados, ainda sob a gestão do Siscomex Mantra.
Entretanto, esse é um assunto complexo com várias nuances e implicações significativas para o Comércio Exterior. Para uma compreensão detalhada sobre o CCT, suas funcionalidades, impactos e benefícios, desenvolvemos um ebook gratuito, “Navegando pelo Controle de Carga e Trânsito (CCT), Clique aqui e baixe agora mesmo!
Tendências Comércio Exterior 2024
Novo processo de importação
O Novo Processo de Importação (NPI) do Brasil, uma iniciativa governamental em andamento desde 2018, que promete revolucionar e desburocratizar a importação.
O NPI, visa simplificar e digitalizar a gestão de informações; assim como aconteceu com a Declaração Única de Exportação (DU-E). Exigindo que os importadores forneçam todos os dados necessários apenas uma vez.
Este sistema unificado integra elementos como o Catálogo de Produtos, a Declaração Única de Importação (DUIMP), e outros documentos relevantes, com a expectativa de tornar-se obrigatório em 2025.
As empresas importadoras e seus parceiros devem se adaptar a este processo em 2024, preparando-se para uma transição que promete mais eficiência, transparência e agilidade. A padronização de dados, incluindo cadastros e atributos de produtos, é essencial para garantir uma implementação suave.
O NPI é visto como um passo significativo para reduzir as burocracias que elevam os custos e riscos no comércio exterior, com a expectativa de um impacto econômico positivo, aumentando a corrente de comércio e contribuindo para o crescimento do PIB.
Reforma Tributária
A Reforma Tributária, que está em discussão, promete ser um grande passo para o comércio exterior do Brasil. A proposta inclui a criação de três tipos de impostos: a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), gerida pela União; o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), sob administração dos Estados e Municípios; e o Imposto Seletivo (IS), que incidirá sobre produtos prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente.
Entenda as mudanças propostas pela Reforma Tributária, e seus impactos no Comércio exterior assistindo nosso webinar exclusivo sobre o assunto.
Esses impostos visam simplificar o sistema tributário, especialmente nas importações, substituindo as complexas regras atuais de ICMS e ISS. A reforma também busca preservar benefícios fiscais em áreas especiais como a Zona Franca de Manaus.
LEIA TAMBÉM: Entendendo o impacto da Reforma Tributária no ICMS e suas implicações para o Comércio Exterior
Espera-se que a unificação dos impostos reduza o ‘Custo Brasil’, que hoje representa cerca de 38% do lucro anual das empresas, segundo o Movimento Brasil Competitivo (MBC). Isso poderia tornar os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional e simplificar a tributação para empresas estrangeiras, que atualmente enfrentam um sistema complexo e fragmentado.
Na teoria, a reforma promete mais transparência e eficiência, mas sabemos que sua implementação é um desafio e requer tempo, considerando também o cenário econômico global e local.
Acordos internacionais
Para 2024, uma das grandes expectativas no comércio exterior brasileiro é a concretização de novos Acordos Comerciais. O Brasil, que atualmente lidera blocos como o BRICS e o Mercosul, está em negociações com diversos países e blocos econômicos. A entrada mais ativa da diplomacia brasileira nessas conversas é vista como um passo importante para impulsionar o comércio e atrair investimentos.
LEIA TAMBÉM: Entenda mais sobre o bloco econômico Mercosul
Um dos destaques é a possível assinatura do Acordo Comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Se ratificado, esse acordo abrirá as portas do mercado dos 27 países da União Europeia para o Brasil, criando expectativas de aumento na geração de empregos e um crescimento significativo nas exportações.
Vale lembrar que a União Europeia é o segundo maior parceiro comercial do Mercosul, o bloco é o oitavo maior parceiro da UE.
ESG
A tendência de foco na Agenda ESG (Environmental, Social, and Governance) está se mostrando cada vez mais relevante para o comércio exterior em 2024. Conforme indicado pelo estudo “Panorama 2024”, realizado pela Amcham Brasil em parceria com a Humanizadas, que ouviu 694 empresários.
O ESG é uma das principais forças a influenciar as empresas no próximo ano, mencionada por 51% dos executivos entrevistados.
No contexto do comércio exterior, a adoção de práticas ESG, é uma tendência que pode ser um diferencial competitivo significativo. Empresas que adotam padrões ambientais, sociais e de governança mais rigorosos podem se beneficiar de uma melhor reputação no mercado global, acesso a novos mercados e parcerias, além de potencialmente atrair investimentos mais sustentáveis.
Com consumidores e parceiros comerciais cada vez mais conscientes e exigentes em relação à sustentabilidade e responsabilidade corporativa, as práticas ESG podem ser um fator decisivo nas decisões de compra e nas relações comerciais internacionais.
Inteligência artificial
Segundo o mesmo estudo da Amcham Brasil, 60% dos empresários entrevistados identificaram a IA como uma das tendências mais impactantes para o próximo ano. No comércio exterior, a IA tem o potencial de revolucionar desde a automação de processos repetitivos até a melhoria da eficiência operacional e análises de dados preditivas.
Além disso, a IA é uma tendência que pode desempenhar um papel crucial na tomada de decisões estratégicas, ajudando as empresas a navegar em mercados internacionais complexos e dinâmicos. Com a crescente integração da IA nos negócios, espera-se que as empresas que adotarem essas tecnologias avançadas ganhem vantagens competitivas significativas, como maior agilidade, precisão nas operações e capacidade de resposta rápida às mudanças do mercado.
Portanto, para as empresas brasileiras focadas no comércio exterior, investir e integrar soluções de IA pode ser um passo fundamental para se manterem relevantes e competitivas no cenário global em 2024.
Em resumo, as tendências indicam expectativas positivas para o comércio exterior brasileiro. No entanto, para que essas previsões otimistas se concretizem, é crucial considerar uma série de fatores.
Um ambiente econômico internacional estável, políticas públicas eficazes, controle da inflação, equilíbrio fiscal, redução de custos logísticos e burocráticos, novos acordos comerciais e inovação tecnológica nas empresas. A colaboração entre o setor privado e o governo é essencial para capitalizar essas tendências e garantir um ano de destaque para o Brasil no comércio global.