Segundo António Guterres, secretário geral da ONU, o transporte marítimo representa cerca de 80% do comércio global e se consolida como a espinha dorsal do comércio exterior e consequentemente, da economia.
Com a pandemia, o setor enfrenta uma das maiores crises no sistema de infraestrutura portuária e a demanda tende a aumentar com a proximidade das festas de fim do ano.
Dito isso, veremos nesse artigo quais são os desafios enfrentados no transporte marítimo e logística portuária e como essas dificuldades podem impactar nos custos dos processos de comércio exterior e influenciar o seu bolso!
O que é a crise do transporte marítimo?
Desde o início da pandemia uma combinação de fatores leva o transporte marítimo global a passar por desafios nunca experienciados antes de forma tão intensa.
A escassez de contêineres, diminuição da produção de insumos e mercadorias e aumentos estratosféricos de até 500% nas taxas do frete são consequências que geram prejuízos sem precedentes em todas as cadeias produtivas, inclusive no bolso do consumidor.
O ritmo de recuperação é o que motiva o aumento da demanda, porém não é acompanhado pelo aumento da oferta, uma vez que ainda há restrições na produção e comércio internacional principalmente pela China, a fim de conter outras variantes do Covid-19.
O baixo fluxo de cargas e descargas de embarcações faz com que congestionamentos e filas surjam. Para fugir do congestionamento, grandes empresas que conseguem resistir aos altos preços do transporte marítimo, alugam seus próprios barcos.
3 fatores que influenciam a crise
Escassez de Contêineres
Um fator de peso na crise do transporte marítimo, o motivo para a escassez dos contêineres é simples: não é que estejam em falta, mas não estão onde deveriam estar.
Barcos vindos da China deixaram seus navios cargueiros carregados em portos na Europa e Américas e devido às restrições da pandemia – o que gera um acúmulo destes nos portos.
Desastres Ambientais
Grandes desastres naturais são fatores que ameaçam a cadeia produtiva global.
A temporada de tufões em 2021 no Oceano Pacífico faz com que a China, detentora de 8 dos 10 maiores portos do mundo, interrompa temporariamente algumas de suas atividades portuárias e funcione em capacidade muito abaixo do normal.
Fatores ambientais e falhas técnicas também são fatores de atraso e prejuízo, como o caso do encalhamento do navio Ever Given no Canal de Suez
Queda na Produção de Empresas Chinesas
Quando detectado um aumento de casos em alguma região o ritmo da produção cai, a fim de frear o avanço do Coronavírus, o que gera também atraso nas entregas desses produtos finais.
Países como Vietnã, Índia e Bangladesh também experienciam esse efeito dominó desde o começo da cadeia: da exploração da matéria-prima, transporte marítimo até a exportação do produto.
Como a crise afeta seu bolso e os processos de comércio exterior?
Uma pesquisa feita em julho pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), a fim de mapear a crise do transporte marítimo e os problemas enfrentados pelas 128 empresas entrevistadas, confirma que o maior desafio enfrentado pelas empresas foi relacionado ao frete marítimo ou à escassez de contêineres, seja nos processos de importação ou exportação:
FONTE: https://noticias.portaldaindustria.com.br/noticias/infraestrutura/frete-maritimo-ultrapassa-us-10-mil-por-conteiner-e-penaliza-comercio-exterior-brasileiro/
O Brasil, no entanto, responde por apenas 1% da movimentação global de contêineres e importa mais mercadorias que exporta, o que eleva o custo de oportunidade da utilização de um contêiner na rota em detrimento de outras mais rentáveis, ainda mais caso os contêineres levem mais tempo para ser liberados.
O transporte marítimo que custava em média US$2 mil por contêiner antes da pandemia, alcançou recentemente valores próximos a US$10 mil, no caso da rota para o Brasil, se tornando o frete mais caro vindo da China.
Além disso, diversas empresas no Brasil não estão conseguindo realizar operações de comércio exterior.
À medida que se aproximam as festas de fim de ano, a demanda pela importação, principalmente de produtos eletrônicos, aumenta. No entanto, há riscos de atrasos na entrega dessas mercadorias para as compras de Natal.
Quanto tempo dura essa crise?
De acordo com os especialistas, a crise do transporte marítimo deve continuar até grande parte de 2022.
Adidas, Crocs e Hasbro (que projeta que suas remessas serão 4x maiores que o ano anterior) já alertaram para um final de ano especialmente difícil.
Por enquanto, o grande desafio do varejo é atender à demanda do Natal e o consumidor deve se atentar de acordo com a sua possibilidade para adquirir suas mercadorias o quanto antes para que não se frustre com a escassez.
Já no mercado do comércio exterior, o desafio maior é tomar decisões de negócios frente às variantes do Covid-19 e obrigar as principais companhias marítimas internacionais a buscar outras alternativas portuárias e avisar os clientes sobre atrasos.
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