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O Mar Vermelho está no centro de uma crise emergente que ameaça não apenas a economia mundial, mas também a estabilidade geopolítica na região. Os recentes ataques de rebeldes Houthis, apoiados pelo Irã, contra navios mercantes no Mar Vermelho; especialmente aqueles que se dirigem ao Canal de Suez, têm consequências de longo alcance.

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Homens armados na costa do Iêmen com um navio de carga ao fundo — Foto: Khaled Abdullah/Reuters”

Canal Suez: importante rota comercial marítima

Situado entre a Península Arábica e a África, o Mar Vermelho é um estreito marítimo crucial. Em um trecho específico deste canal, apenas 30 quilômetros de água separam os dois continentes, com o Iêmen localizado em uma das suas costas.

O acesso ao Canal de Suez, uma via marítima essencial para o transporte de mercadorias e combustíveis, é feito através do Mar Vermelho. Este canal desempenha um papel fundamental no comércio mundial, facilitando o movimento de cargas da Ásia e do Oriente Médio em direção à Europa e aos Estados Unidos.

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Navios de carga vindos do Mar Vermelho transitam pelo Canal de Suez — Imagem cortesia de Bloomberg

Alteração de rotas marítimas: desvio pelo Cabo da Boa Esperança

As principais companhias de transporte marítimo, incluindo MSC, Maersk, CMA CGM Group e Hapag-Lloyd, estão alterando suas rotas habituais para evitar o Mar Vermelho. Muitos navios cargueiros agora contornam o Cabo da Boa Esperança, no sul da África, o que pode prolongar as viagens em mais de uma semana.

Essa mudança de rota leva a um aumento nos custos de transporte marítimo, embora não se espere que atinjam os níveis vistos durante a pandemia

Segundo Simon Heaney, gerente senior da consultoria Drewry.

As empresas podem ter que operar mais navios ou aumentar a velocidade das viagens para compensar o tempo adicional, resultando em maior consumo de combustível.

Segundo o jornal “The New York Times”, pelo menos 32 embarcações já desviaram a rota desde a última segunda-feira com o intuito de contornar o Mar Vermelho. Para se ter uma ideia, cerca de 50 navios atravessam o Canal Suez diariamente.

Motivações por trás dos ataques no Mar Vermelho

Os ataques são uma extensão do conflito mais amplo no Oriente Médio, particularmente a guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza. Os Houthis, que controlam uma parte significativa do Iêmen e são apoiados pelo Irã, têm como objetivo demonstrar apoio ao Hamas e exercer pressão sobre Israel e seus aliados.

Ataques recentes:

Um representante dos Houthis, o general Yahya Saree, anunciou que o grupo realizou ataques contra dois cargueiros específicos:

  • O navio-tanque “Swan Atlantic”, registrado nas Ilhas Cayman, carregando produtos químicos e petróleo.
  • O navio de carga “MSC CLARA”, sob a bandeira do Panamá.

Além desses ataques confirmados pelos Houthis, houve relatos adicionais de outras embarcações atacadas na região: a empresa dinamarquesa Uni-Tankers reportou um incidente envolvendo o “Swan Atlantic”, que transportava óleos vegetais para um destino francês no Oceano Índico.

O navio foi atingido por um objeto não identificado, resultando em um pequeno incêndio. Felizmente, o fogo foi controlado, e o navio, após receber assistência militar, prosseguiu com sua viagem.

Resposta Israel aos ataques

Em resposta, Israel despachou navios de guerra para o Mar Vermelho, tomando essa ação no mesmo dia em que a milícia Houthis, que controla o norte do Iêmen, assumiu a responsabilidade por um ataque com mísseis balísticos direcionados a interesses israelenses.

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Israel envia navios de guerra ao Mar Vermelho — Foto: Divulgação/IDF

Resposta Estados Unidos

Os Estados Unidos já mantêm uma presença militar significativa no Mar Vermelho, com navios como o USS Mason, USS Carney (posicionado no estreito de Bab el-Mandeb), USS Bataan e USS Carter Hall. Esta medida visa assegurar a segurança das embarcações naquela área. Mas, com os recentes conflitos, pretendem reforçar sua presença naquelas águas.

Inclusive, recentemente, o USS Carney, um contratorpedeiro da Marinha dos EUA, enfrentou e neutralizou com sucesso 14 drones suicidas lançados pelos houthis, conforme relatado pelo Comando Central das Forças Navais dos EUA no sábado, 16 de dezembro.

Além disso, o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, durante uma visita ao Oriente Médio na segunda-feira, 18 de dezembro, anunciou a formação de uma coalizão composta por dez países. O objetivo dessa coalizão é enfrentar e mitigar as ameaças à navegação na região

O que esperar?

A crise no Mar Vermelho tem o potencial de causar distúrbios significativos nas cadeias de suprimentos globais, já tensas devido a outros fatores econômicos e políticos.

O aumento dos custos de transporte marítimos pode levar a um aumento nos preços dos bens de consumo e matérias-primas, afetando economias em todo o mundo. Além disso, a instabilidade na região pode ter implicações geopolíticas duradouras, afetando as relações entre as potências regionais e globais.

Informações obtidas de artigos publicados no G1, O Globo e R7.com.

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