No final de março, o mundo assistiu ao novo acordo econômico entre China e Rússia. Com as relações estremecidas devido à guerra da Ucrânia, o Governo Russo busca novas parcerias – sobretudo com o Governo chinês, brasileiro e indiano. Por outro lado, a China reforça sua disputa com os EUA na liderança mundial econômica. Tais movimentações ajudam a provocar a chamada desdolarização da economia global. Ou seja, o fim da hegemonia da moeda norte-americana nas transações do comércio exterior. Como isso pode afetar sua empresa? Você descobre aqui e agora! Vamos em frente!
O que é desdolarização
O termo é utilizado para descrever a tendência de alguns países de tentar reduzir a dependência do dólar americano em suas transações comerciais internacionais. Isso pode ocorrer de várias formas, por exemplo:
- Utilização de outras moedas internacionais;
- Criação de novos acordos de troca de moeda direta entre países;
- Utilização de outras moedas para as reservas cambiais;
- E até mesmo a criação de moedas regionais.
Assim, a desdolarização visa a substituição do dólar americano como moeda usada para transações do comércio internacional.
Por que a desdolarização é uma tendência cada vez mais forte no mercado internacional
O dólar americano é a moeda de reserva internacional mais amplamente utilizada no mundo. Ou seja, ainda é o principal meio de pagamento nas transações comerciais internacionais.
Mas, isso não é de hoje. De fato, a supremacia econômica norte-americana nas negociações globais e transações cambiais remonta ao final da Segunda Guerra Mundial. Entenda melhor a seguir.
Acordos de Bretton Woods
Foi em 1944, ao final da Segunda Guerra Mundial, que representantes de 44 países se reuniram na cidade de Bretton Woods, nos EUA, para estabelecer um novo sistema monetário internacional.
Nessa conferência, o dólar americano foi definido como principal moeda de reserva internacional. E também que as outras moedas seriam fixadas em relação ao dólar. Além disso, foi fixada sua conversão em ouro. Sendo assim, qualquer pessoa ou governo poderia trocar dólares americanos por ouro nas reservas americanas.
No entanto, a partir da década de 1970, essa fixação em ouro foi abandonada e o dólar passou a ser uma moeda flutuante. Ainda assim, a moeda permaneceu como a principal quando o assunto é reserva internacional. Os EUA continuaram então com uma influência significativa nas finanças globais e nas relações comerciais internacionais.
Porém, o crescimento econômico de países emergentes, principalmente a China, vêm ameaçando o papel soberano do dólar nas negociações internacionais.
Economia Chinesa e a desdolarização
Nos últimos anos, a economia da China expandiu rapidamente. Assim, como segunda maior potência econômica mundial, o país tem ganhado espaço no comércio internacional. E essa expansão econômica tem impulsionado a desdolarização.
Uma das formas pelas quais a economia da China tem acelerado a desdolarização é através da promoção do uso do yuan chinês como moeda de reserva e de pagamento internacional. Como aconteceu mais recentemente com o Brasil, um dos seus principais aliados comerciais.
Assim, o Governo chinês tem feito esforços para internacionalizar o yuan, promovendo sua adoção em acordos comerciais e investimentos. Além disso, a China vem buscando acordos comerciais bilaterais com outros países. Desse modo, as transações comerciais passam a ocorrer em suas próprias moedas, e não em dólares americanos.
Enquanto isso, os países também demonstram interesse em reduzir sua dependência com o dólar americano a fim de diversificar suas reservas internacionais. A desdolarização permite ainda vantagens fiscais e redução de custos logísticos e operacionais.
A China é um dos maiores detentores de títulos do Tesouro americano. Isso significa que o país tem poder de influenciar a demanda pelo dólar e potencialmente reduzir sua importância como moeda de reserva internacional.
Por isso, a economia chinesa tem sido um importante fator no processo de desdolarização do comércio internacional. Seja impulsionando a adoção de outras moedas ou a diversificação das reservas internacionais dos países.
Acordo Brasil e China
Nesse sentido, além do acordo China e Rússia, o país também firmou parceria comercial entre o Brasil.
Segundo informações da Agência Brasil, este novo formato de comércio ocorrerá a partir de uma Clearing House (Câmara de Compensação).
A operação será realizada no Brasil, pelo Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, na sigla em inglês). Dessa forma, a ideia é que este banco seja capaz de garantir a conversão imediata dos ganhos em Real brasileiro. Afinal, trata-se de uma instituição financeira chinesa de grande estatura. Assim, as transações entre empresas brasileiras e chinesas passarão a acontecer em renminbi (yuan chinês). Essa mudança está prevista para acontecer no próximo semestre.
Qual o futuro do comércio exterior
Para o Brasil, especialistas avaliam o novo acordo econômico com a China como benéfico para os dois países. De maneira geral, a medida tende a tornar as operações mais ágeis. Além disso, reduzir consideravelmente os custos.
A China é a principal parceira comercial de 140 países e continua crescendo. No varejo internacional, grandes nomes chineses ganham cada vez mais destaque, como a Shein (indústria fast fashion) e a Shoppe (plataforma de comércio eletrônico).
Aliada economicamente à Rússia, também uma das maiores potências do mundo, as negociações chinesas ganham gradativamente o mercado. Como resultado, surgem novas empresas e modelos de negócio, além de novos formatos comerciais.
Sendo assim, a tendência é de uma desdolarização mundial. Porém, os EUA não devem assistir a redução de seu poder econômico de forma tão passiva. Não à toa o Governo americano tem pressionado seus aliados a combaterem supostas “práticas comerciais da China”.
Do ponto de vista norte-americano, a pandemia e a guerra da Rússia na Ucrânia evidenciam a necessidade de abordar as vulnerabilidades da cadeia de suprimentos. Assim, argumentam a importância de trabalhar pela redução de obstáculos e da escassez que elevaram os preços em todo o mundo.
Portanto, o único consenso geral é de que as relações internacionais mudam. E isso está acontecendo de forma cada vez mais acelerada. Portanto, podemos esperar novos acordos de ambos os lados: a favor e contra a desdolarização.
Como a sua empresa pode se preparar hoje
A desdolarização se fortifica como iniciativa contra a vulnerabilidade dos países às flutuações da moeda americana. Dessa forma, é uma abordagem capaz de gerar maior estabilidade e previsibilidade nas relações comerciais internacionais. A tendência ainda promove a diversificação de moedas internacionais. Nesse ínterim, o comércio exterior se torna menos dependente de uma única moeda.
Por outro lado, ela pode apresentar desafios para empresas e países que possuem mais exposição ao dólar.
Neste caso, a organização veria um aumento dos custos de transação. Fora a maior complexidade nas operações de comércio exterior. A desdolarização pode criar novos conflitos internacionais. Por exemplo, desequilíbrios comerciais e financeiros entre países.
Tais desafios reforçam a necessidade de uma gestão mais ágil e precisa. Dessa maneira, é possível integrar informações e tomar decisões mais estratégicas. Ou seja, baseada em dados atualizados e interligados com suas operações, bem como as normas do mercado brasileiro e internacional.
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