Uma greve dos trabalhadores portuários dos Estados Unidos promete afetar diretamente o comércio exterior, com impactos profundos na cadeia logística global. Os portos da Costa Leste e do Golfo, que respondem por cerca de 60% do tráfego de contêineres do país, serão diretamente impactados, trazendo riscos tanto para importadores quanto para exportadores ao redor do mundo.
A paralisação está prevista para iniciar à meia-noite de 1º de outubro, com a expectativa de que cerca de 45.000 trabalhadores portuários, representados pela International Longshoremen’s Association (ILA), abandonem suas funções. A greve afetaria mais de 30 portos, incluindo cinco dos dez mais movimentados da América do Norte.
Motivos da Greve
A disputa principal gira em torno de dois pontos-chave: o aumento salarial e a resistência à automação nas operações portuárias. O atual contrato de trabalho entre a ILA e a United States Maritime Alliance (USMX) expira na noite de 1º de outubro, sem que as negociações tenham progredido. A ILA exige melhorias significativas nos salários e proteção contra projetos de automação, que, segundo o sindicato, colocam em risco milhares de empregos.
Harold J. Daggett, presidente da ILA, declarou que “os trabalhadores não aceitarão ofertas salariais insultuosas, especialmente considerando os bilhões em lucros gerados pelo trabalho dos estivadores.” Por outro lado, a USMX afirma que está disposta a negociar, mas acusa o sindicato de se recusar a retomar as conversas.
Impactos Econômicos
A greve pode gerar um prejuízo de até US$ 5 bilhões por dia, segundo estimativas de analistas. Os portos afetados movimentam produtos essenciais, como alimentos, automóveis e eletrônicos, o que pode desencadear uma crise nas cadeias de suprimento e até influenciar a inflação nos EUA. Empresas de grande porte, como Walmart e Costco, estão implementando planos de contingência, enviando produtos antes do prazo final da greve. No entanto, muitas pequenas empresas que dependem dos portos do Leste e do Golfo podem não ter essa flexibilidade.
Preparativos Logísticos
Os operadores portuários, como o Porto de Nova Orleans e a Autoridade Portuária da Carolina do Sul, estão estendendo seus horários de operação para acelerar o desembarque de cargas antes da possível paralisação. A Norfolk Southern, principal ferrovia da Costa Leste, recomendou que os clientes evitem o envio de cargas de alto valor ou perecíveis para os portos da região, antecipando potenciais atrasos.
Cenários Alternativos
O governo Biden já estuda alternativas para mitigar os efeitos da greve, incluindo o desvio de cargas para o Canadá e o aumento do uso de ferrovias. Contudo, especialistas alertam que essas medidas dificilmente serão suficientes para evitar a interrupção do fluxo de mercadorias. A Casa Branca ainda não descartou uma intervenção direta, como uma imposição legal para interromper temporariamente a greve, caso a paralisação comece a afetar drasticamente a economia.
Conclusão
A iminente greve dos portos dos EUA levanta preocupações imediatas para o comércio exterior global. Profissionais do setor devem monitorar de perto os desdobramentos e ajustar suas operações logísticas, considerando possíveis alternativas para manter o fluxo de mercadorias e mitigar os impactos de uma paralisação que pode se estender por semanas. Se não houver uma intervenção rápida, as consequências podem ser sentidas por todo o setor econômico até 2025.
*Com informações de: Container News, CBS News e The News Waffle.